4 anos e 4 dias de pseudo-governo
Por Sérgio Fontenele / Capital Teresina
No momento em que o governador Wilson Martins arruma as gavetas de seu gabinete, no Palácio de Karnak, para renunciar ao cargo, transmitindo-o a seu vice, Antônio José de Moraes Souza Filho, o Zé Filho, torna-se oportuno fazer balanços da administração que termina. Terão sido quatro anos e quatro dias de mandato, no próximo 5 de abril, contando os nove meses de 2010. Há quatro anos, Wilson cumpria transição, sucedendo Wellington Dias (PT), que renunciara ao cargo de chefe do Executivo, após sete anos e três meses no comando político-administrativo.
A última semana de seu histórico período de pseudo-glórias Wilson Martins reservou para promover uma overdose de propaganda oficial, inaugurando, por exemplo, uma estrada pela metade. Na verdade, são apenas 25 quilômetros, metade da distância total, de ponta a outra, do entroncamento de 50 quilômetros, entre a PI-397 e a PI-247. À pobre opinião pública, enganada sucessivamente, ao longo destes quatros anos e quatro dias, os risíveis 25 quilômetros de rodovia foram denominados de “Primeiro Trecho da Transcerrados”.Wilson Martins teve um mandato completo, como governador, para fazer a Rodovia Transcerrados, que mede, segundo dados oficiais, 330 quilômetros de extensão, interligando as cidades de Uruçuí e Santa Filomena, localizadas na Região dos Cerrados. Trata-se de uma estratégica via de escoamento da gigantesca produção de grãos da região. Ele fez 25 quilômetros. E, há dias, gasta uma fortuna, dos cofres públicos, divulgando, em todos os meios de comunicação, que vai inaugurar o “Primeiro Trecho da Transcerrados”.
Fazendo barulho
Para se ter ideia do nível de desespero, para promover a figura pública de Wilson Martins, a máquina da Coordenadoria de Comunicação Social (CCOM) tem massificado, à exaustão, a propaganda oficial, nas emissoras de TV, rádio, jornais, revistas e portais de noticias na internet. O objetivo é fazer muito barulho, primeiro, para marcar o final da era Wilson, que, por obra do acaso – um tremendo golpe de sorte –, conseguiu realizar o maior sonho de sua vida: ser governador do Piauí. Como sempre, a conta foi paga pelo contribuinte, pela sociedade.
Afinal, nos três primeiros meses do ano, foram gastos R$ 8 milhões com propaganda do Governo do Estado. É algo a merecer auditoria nas contas do órgão encarregado, que, em sua tática, guarda um segundo objetivo: desviar a atenção da opinião pública da realidade e dos números do governo Wilson Martins. Fatalmente, a verdadeira situação do Estado virá à tona, com o início da administração de Zé Filho, que não terá alternativa, senão mostrar o que encontrou como herança deixada por seu antecessor. Do contrário poderá ser responsabilizado por erros que não cometeu.