OPINIÃO: Patriotismo de merda!
Por Macelino Keliton / Espaço Geográfico
Patriotismo é o sentimento de amor à pátria, aos seus símbolos nacionais (bandeira, hino, brasão, vultos históricos, riquezas naturais e patrimônio material e imaterial). Por mais que sempre, em um passado próximo estivesse ligado a ideia de soberania territorial, hoje em dia é redefinido por uma visão mais abrangente.
Por meio de um conjunto de atitudes de devoção para com a sua pátria, e pela participação sócio-educacional cultural pode-se identificar um verdadeiro cidadão patriota.
Muitas vezes, o termo nacionalismo é utilizado como sinônimo erroneamente. Porém, podemos dizer que nacionalismo é considerado uma ideologia, que leva às pessoas a serem patriotas. (Ricardo V. Barradas).
O que falar dessa imagem? Caso algum grupo (partidário ou não) fosse à rua reclamar do que podemos ver nesta fotografia, os atuais governantes não iriam gostar. Mas ir à rua reivindicar saneamento básico (aqui não tem), trânsito de qualidade (aqui não tem), segurança (aqui pouco tem), saúde (aqui pouco tem), efetivação do Código de Postura do Município (até os vereadores não sabe o que é), é sim uma forma de mostrar patriotismo ao seu país, á sua cidade.
Muitas pessoas falam sobre este patriotismo de momento. Em todas as copas do mundo de futebol presenciamos esta exaltação ao verde e amarelo como se fosse um patriotismo. Uns acreditam que é o fortalecimento da paixão do povo pelo seu país. Outros já vejam como falta de patriotismo real.
Para um país que ‘nasceu’ copiando a forma de viver dos europeus, deveria ser mais patriota de verdade copiando até mesmo a forma de ser patriota.
Acho bonito esta torcida pela seleção, não pela nação. O gritar pela seleção nesta época do ano é gostoso de ver e ouvir, mais é pouco, apesar de que eu também o faço. Parar para ouvir o hino, chega a arrepiar esta emoção, só para esta seleção.
E o restante do mundo? E os outros dias sem copa do mundo? Não é difícil vermos que pessoas não dão a mínima para o dia da Bandeira, que não fica de pé para entoar o hino em alguma festividade (estudantil, esportiva, etc.), mas que durante a copa tentam mostrar seu lado amoroso ao nosso brasão. Destroem nossas riquezas, mancha nossa imagem, no entanto, durante a copa do mundo de futebol querem ser patriota brasileiro. Pouca vergonha.
De quatro em quatro anos erguem a bandeira, pintam as caras, enfeitam as fachadas, vestem o verde a amarelo. Acabou a copa, campeões ou não, tudo é desfeito, até mesmo o amor ao país. É hora de votar em ladrão, pois todo ano de copa do mundo é também de eleição, é hora de falar mal de si mesmo para as outras nações e fazer tudo que fazem diariamente que vai contra as leis humanas.
Acho tão brega este negócio de pendurar a bandeira no carro na tentativa de mostrar amor ao país, à seleção. Respeitem-me caros colegas que fizeram isso. Para mim não passa de falsidade ao nosso País.
Podemos até precisar disso para diminuir nossas internas dores por falta de políticas públicas. Podemos até precisar disso para continuar achando que nosso país ainda tem jeito. Fechar os olhos, por um mês, não basta. Não vivemos apenas de 07 jogos. Vivemos de cinco dígitos nas urnas, de dezenas de livros lidos por ano, de atitudes diárias, de trabalho limpo, de vergonha na cara ao exigir os direitos de cada hora, de pão e leite na mesa, de educação descentralizada, de saúde ávida, de amor ao país todos os dias, todas as horas sem precisar vender a alma e ao corpo pôr insuficientes pedaços de ‘reais’ falsos.
Sou brasileiro. Sou do jeito que fui criado. Não sou contra você, contra nós. Apenas tento ver o meu redor sem a necessidade de copiar as formas de ver e escrever como muitos de nós brasileiros estamos sujeitos.
Não sou a favor do patriotismo dos outros, muito menos dos norte-americanos. Pelo contrário, sou a favor de patriotismo brasileiro de verdade e não este que se apresenta, com todo respeito, de merda. Feito por quem? Por nós, pela merda de educação que nos foi dada, herdada.
Viva nação, a seleção, ao verde e amarelo. Viva!
“Sou o que eu penso, para vocês, sou o que eu transmito”