CRÔNICA: Por que proteger o jardim da nossa casa

Jornalista Albano Amorim
Jornalista Albano Amorim

Especial para o portalesp

Lá de Brasília vem um recado que ecoa em todo o restante do País, o deputado Feliciano não só assume o preconceito, mas faz deste sua bandeira de luta, sua marca “direito de ser homofóbico” e, numa sociedade onde ideologia está cada vez mais rara, qualquer ponto de vista mais eloquentemente defendido, logo adquire adeptos aos quilos. Um retrocesso sem tamanho num país que começa a experimentar a liberdade. Mas não riam os gordinhos, os negros, os índios, os analfabetos, nordestinos, pois se essa onda pega não demora muito e tudo o que foi conquistado vai de água a baixo, pois a legião que se levanta contra gays, lésbicas, etc,pode virar tsunami e atingir os demais direitos e liberdades conquistados.

 Não muito longe do Congresso, outra onda se agiganta, a Supremacia Judiciária. De repente os Três Poderes, não são mais autônomos, são agora Um Super Poder e os outros dois.  O Judiciário, não apenas julga e interpreta as leis, agora Ele as faz, analisa, aplica e, se brincar, logo logo estará administrando os estados, as cidades, a casa da gente. E aí, o tão sonhado e conquistado Estado Democrático e de Direito, vai pro lado cego de Isis e o regime presidencialista mudará de configuração, passará a ser regido por um Colegiado Judiciário Nacional.

Li com muita tristeza que se começa a defender, agora com mais vigor, a menor idade penal, sob a justificativa de que os menores infratores se utilizam da idade para cometerem crimes, matar, roubar, etc e tal. É mesmo trágica e história de muitas famílias que foram vítimas, mas numa sociedade onde se mata por alguns trocados ou até por nada, só para ser lembrado como “bicho solto” no bairro onde mora a vida é o que menos importa. Por aqui, todos os presídios, cadeias provisórias, penitenciárias, casas de custódia, delegacias, albergues, estão lotados e o que era pra ser escola de cidadania de reinserção social, vira escola superior do crime. E mesmo que coubesse, seguramente não seria nesta universidade que os meninos ficariam melhores nem resolveria o problema, aí o próximo passo será a Pena de Morte, ou quem sabe autorizar a polícia a execução sumária de todos os delinquentes, pichadores e a todos que desrespeitarem a Lei do Silêncio.

Não quero pregar o caos, mas é que nestas situações e outras que não citei, não precisa analisar muito para ver que o que esses acontecimentos temum propósito. As más intenções também são demonstradas nas pequenas ações que vão se agigantando até virarem ondas e geralmente veem camufladas como o cetro da verdade, da defesa da lei, da fé e dos bons costumes. E, quem não viveu os tempos da ditadura, da supremacia do sangue azul, talvez não tenha noção o quanto custou a liberdade.

“Tão atual quantoMaiakóviski, onde se reflete a teoria do caos.“Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada…”

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