REFLEXÃO: O poder da fofoca
Fofoca é o ato de espalhar, contar ao próximo, fatos que não deveriam ser contados, ou então, observações íntimas da vida dos outros.
O que poucos sabem é que a fofoca surgiu antes mesmo do planeta Terra! Foi quando Lucifer, ainda um anjo, chegou para Deus e falou “Fiquei sabendo que…”. Daquele dia em diante Deus amaldiçoou quem fazia fofoca!
A fofoca pode ser classificada em duas categorias: a boa e a maldosa.
Uma fofoca boa pode proteger a reputação de uma pessoa e, ao mesmo tempo, não destruir a de outra, podendo ainda estabelecer um laço entre duas pessoas que não estão traindo a confiança de uma terceira.
Já a fofoca maldosa se dá pelo simples desejo de prejudicar os outros ou por um inexplicável prazer, às vezes, por gostar do sentimento de superioridade, presunção, vingança ou de “schadenfreude”, palavra de origem alemã que significa “satisfação obtida com a desgraça alheia”.
Tem gente que espalha fofocas maldosas para aumentar seu próprio status social à custa dos outros. As pessoas gostam muito de fofocar porque ela é um mecanismo de passar adiante informações pessoais dos outros. Sua intenção é conquistar o ouvinte para despertar admiração. Psicologicamente, acontece quando o indivíduo não olha para si mesmo, quando não compreende que todos estão aprendendo e tentando ser felizes. Quanto mais uma pessoa deprecia a vida da outra, menos ela se sente de bem com suas próprias limitações e por isso precisa reforçar as limitações e os equívocos do outro.
Pessoas também fofocam quando não conseguem lidar com as diferenças. Ao se depararem com alguém diferente delas, imediatamente julgam, comentam, sem se darem a chance de conhecê-la melhor, de aprender a gostar dela e até de crescer com essas diferenças.
Enfim, só atacamos quando nos sentimos ameaçados, embora nem sempre essa ameaça seja real; muitas vezes é a carência de uma personalidade mal conhecida e que pouco ama e se deixa amar.
A fofoca não é um comportamento natural. É tipica de pessoas neuróticas. O neurótico tem problemas com sua auto-estima. É aquele que se sente incapaz de conseguir sucesso e tenta destruir os que chegaram lá. A fofoca, para eles, é um instrumento que demonstra autocensura, autocastração e irrealização pessoal.
O fofoqueiro é um indivíduo doente e perigoso e se não estivermos atentos e centrados em nossos valores, o fofoqueiro se torna contagioso e crônico, ou seja, vira uma mania, vira um comportamento recorrente e automático.
Existem pessoas que são mais fofoqueiras do que outras. Pesquisas indicam que os adultos – independentemente de serem homens ou mulheres – gastam entre um quinto e dois terços do tempo de que dispõem para conversar fofocando, mas que somente 5% desse tempo é gasto com fofocas e assuntos negativos. Essas pessoas possuem baixa auto-estima, são desconfiadas, gostam de jogar uma pessoa contra a outra, mostram necessidade de dividir e conquistar grupos, sentimento permanente de raiva e ódio e necessidade de auto-afirmação. São mais fofoqueiras porque são pessoas que não têm a mente ocupada em resolver seus problemas e não possuem objetivos em suas vidas. Têm inveja dos outros e gastam seu tempo cuidando da vida alheia.
Em todas as faixas de idade existem os fofoqueiros, mas quando o indivíduo se encontra aposentado, desempregado, ocioso, à toa, desocupado ou improdutivo, se deixa levar para o campo das fofocas.
O psiquiatra José Angelo Gaiarsa, em pesquisa, calcula que pelo menos 40% de todas as conversas do mundo se baseiam em fofocas: “Estimo que 20% de tudo o que se diz no mundo é conversa funcional, ordem, pedido, informação constatação e declaração. Os restantes 80% se dividem em duas partes iguais: 40% é fofoca e 40% é afirmação de preconceito”.
Existe a fofoca positiva e a fofoca negativa. A negativa chama atenção para os efeitos maléficos da fofoca. Geralmente é motivada por inveja e poucos admitem que a praticam, embora seja impossível alguém nunca ter feito.
Existe um lado bom e positivo da fofoca: é o falar bem de alguém, contar algo de bom que alguém fez sem que a autora da atitude tenha autorizado. Também pode ser considerado fofoca, embora o conteúdo seja positivo e a intenção seja exaltar a boa ação. Olhando por este ângulo, poderíamos dizer que a fofoca tem seu lado positivo.
O ideal, porém, é que só se fale sobre algo ou alguém quando for realmente conveniente e este outro estiver ciente de que a informação poderá ser transmitida. Caso contrário, o melhor é respeitar a privacidade alheia, sempre.
Prof. Javert de Menezes
Psicólogo, quirólogo, genealogista, terapeuta holístico.
Conheço muitos vizinhos meus, mulheres principalmente e homens – que deviam ler essa reflexão para ver se desenvolvem um mínimo de ética e parem de falar da vida dos outros.” Êta” povo da língua grande bifurcada!
Para eles que não sabem, língua bifurcada é língua de cobra.
Isael Lima – esperantinense radicado há 29 anos em Teresina.