Vice governador do PI tem um dos gabinetes mais caros do Brasil, diz O Globo
O cargo costuma ter função figurativa na maioria das gestões públicas, entretanto, os gastos que envolvem os gabinetes de vice-governadores no país estão longe de serem desprezíveis. Essas estruturas custarão este ano mais do que o novo ministério da presidente Dilma Rousseff, o da Micro e Pequena Empresa, entregue ao vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos (PSD). A nomeação dele abriu um debate político sobre a relevância dos vices nos estados, uma vez que Afif assumiu a pasta sem se licenciar do mandato em São Paulo.
Um levantamento feito pelo GLOBO nas vice-governadorias na semana passada mostra um cenário intrigante. Há gabinetes com número de funcionários maior que o de um ministério ou da Vice-Presidência da República, vices que ganham quase o mesmo salário do vice-presidente Michel Temer (PMDB), e Afif não é o único número dois de um estado envolvido em um caso polêmico de acúmulo de cargos.
No Piauí, Antonio José de Moraes Souza Filho (PMDB) acumula, desde 2011, o cargo de vice com um outro numa entidade privada. Ele foi eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiepi) quando já era vice-governador. Zé Filho foi procurado pelo GLOBO, mas não se manifestou sobre o assunto.
Para o advogado constitucionalista Rogério Gandra Martins, o caso configura conflito de interesses.
“As federações das indústrias são entidades de interesse privado que estão constantemente pleiteando coisas junto ao governo. Numa discussão que envolva o governo e a federação, o vice vai ficar do lado de quem?” pergunta Martins.