A greve dos policiais pode trazer de volta um governo militar?

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Por Pedro Valadares

Nas últimas semanas, temos visto muitas discussões sobre a legitimidade da greve dos policiais. Segundo o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT/BA), o movimento grevista é parte de um levante nacional, visando forçar o Congresso a aprovar a Proposta de Emenda à Constituição nº 300 (PEC 300), que estabelece um piso nacional para os policiais, tomando como base o salário pago pelo Distrito Federal. Essa denúncia ganhou força depois que o Jornal Nacional mostrou conversas de policiais orientando a promoção de atos de vandalismo

 

A Constituição Federal proíbe de forma expressa a greve de profissionais responsáveis pela manutenção da ordem pública. É importante analisar as possíveis implicações do não cumprimento dessa norma. Quando policiais deixam de cumprir seu dever, outra força deve fazê-lo. No caso, quem assumiu esse papel foi o Exército e a Força Nacional de Segurança.

 

Se a greve realmente se espalhar pelo território nacional, o Governo ficará cada vez mais dependente das Forças Armadas. Empoderados, os militares poderão se sentir no direito de assumir a liderança das operações de defesa, deixando o poder civil em segundo plano. Nesse cenário, estaríamos nos reaproximando perigosamente de um governo militar no Brasil.

 

Pode-se argumentar que, após mais de 20 anos de redemocratização, o aspecto autoritário das Forças Armadas foi eliminado e que hoje nenhum general decidiria investir na tomada do poder democraticamente eleito. Contudo, a história mostra como mudanças conjunturais podem levar a sociedade a desejar algo que não é o melhor para si.

 

Se policiais resolverem impetrar atos de vandalismo por todo o país, para pressionar a aprovação de um aumento de salário, uma grande parcela da população pode considerar que a segurança da sua família é mais importante que ser governado por um poder civil.

 

Para não voltarmos aos tempos tenebrosos, é importante que os partidos parem de utilizar o movimento grevista de forma eleitoreira e se unam em prol da democracia e do poder civil, antes que seja tarde demais.

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