“Secretários candidatos” de Wellington Dias assustam
Por Lídia Brito / Política Dinâmica
2018 ainda não chegou e a disputada entre os aliados do governador Wellington Dias (PT) já é intensa. Com uma base inchada, muitos partidos para pouco espaço, os deputados que apoiam o petista, na Assembleia Legislativa, reclamam que os secretários do governo que pretendem ser candidatos estariam “roubando” os colégios eleitorais de quem já tem um mandato.
Pelo menos 18 nomes com cargos no governo, com mandato e sem mandato, devem sair candidatos na eleição do próximo ano. Entre os sem mandatos, nomes fortes como o secretário de Administração, Franzé Silva (PT), tem tirado o sono de quem teme perder o cargo para um novato. Na base, eles são chamados de “secretários candidatos” e assustam.
Aliado do governador Wellington Dias, o deputado João Madison (PMDB) afirma que a reclamação é geral entre os deputados aliados. Segundo Madison, o governador irá convocar uma reunião para discutir o assunto.
“Há essa reclamação na base. Tem secretário que não passa mais um final de semana em Teresina. Tem deputado que já perdeu prefeito para secretário que será candidato. Isso cria um clima hostil e de animosidade”, comentou.
USO DA MÁQUINA
A quantidade de secretários e demais membros do governo que pretendem sair candidatos na eleição do próximo ano chama atenção. É possível ter uma dimensão desse número observando as 21 secretarias do primeiro escalão do governo de Wellington Dias (PT). Até o momento, 14 dessas pastas são comandadas por secretários com a pretensão de serem candidatos a algum cargo público na eleição de 2018. Isso significa que mais da metade dos secretários da linha de frente da administração do petista terá que se ausentar para se dedicar às campanhas.
São pré-candidatos que possuem nas mãos o comando das secretarias mais fundamentais do estado. Em muitos casos, essas secretarias possibilitam ao comandante um contato direto com prefeitos e lideranças do interior em negociação direta por interesse de determinadas cidades.
O líder da oposição, deputado Robert Rios (PDT) acusa os secretários com interesse de serem candidatos de usarem a máquina para se elegerem. “Essa briga se tornou conhecimento de todos. Tem secretário colocando dinheiro para tomar colégio eleitoral do outro. Cada um faz o que é do seu interesse para conseguir se eleger. É um uso da máquina para ganhar eleição”, afirma.
GENEROSIDADE
O governador Wellington Dias demonstrou ser generoso com os aliados ao fazer uma reforma, criando novos cargos, para acomodar o maior número de aliados possível. A dificuldade agora é manter a união dentro de uma estrutura tão grande e com tantos interesses conflitantes.
VEJA LISTA DOS SECRETÁRIOS QUE DEVEM SAIR CANDIDATOS:
O secretário de Administração e Previdência Franzé Silva é a aposta do PT para 2018. O nome dele é considerado como favorito para uma vaga na Assembleia Legislativa. O PT busca formar uma estratégia que alcance resultados melhores que os de 2014. Franzé é considerado um dos homens mais importantes do governo. Ele é o que mais assusta e tem sido chamado de “secretário candidato” .
O petista Merlong Solano ocupa a secretaria de Governo, considerada a mais polivalente da administração de Wellington Dias (PT). Ele é suplente na Câmara Federal e chegou a assumir o mandato por poucos dias. Deve ser candidato a uma vaga na Câmara Federal.
O ex-prefeito de Novo Oriente, Marcus Vinícius, é a aposta do PTC para concorrer uma vaga de deputado federal. Marcus assumiu o comando da Coordenadoria do Programa de Modernização e Qualificação de Empreendimentos Públicos. Deve deixar o cargo em abril para ser candidato.
Outro coordenador cotado para ser candidato no próximo ano é Marllos Sampaio. Ele é irmão do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Themístocles Filho (PMDB). Marllos já foi deputado federal e não conseguiu se reeleger. Agora é coordenador do Programa Mais Vida com Cidadania para o Idoso.
O ex-prefeito de Campo Maior Paulo Martins (PT) também encontrou espaço dentro do generoso governo de Wellington Dias. O petista assumiu recentemente o comando da Fundação dos Esportes do Piauí (Fundespi). Ele é apontado como candidato a deputado federal.
ENTRE OS SECRETÁRIOS COM MANDATO TEMOS:
O deputado estadual Fábio Novo deve deixar o cargo em abril para ser candidato à reeleição na Assembleia Legislativa. Ele é secretário de Cultura de Wellington.
Outro petista que comanda secretaria e deve ser candidato é o secretário de Desenvolvimento Rural (SDR), Francisco Limma. Ele é uma liderança forte da região Norte do Piauí.
Na Sasc, o deputado estadual José Santana (PMDB) deve concorrer à reeleição em 2018. Ele assumiu o comando da secretaria após o PMDB ingressar oficialmente no governo de Wellington Dias. O partido é um dos principais beneficiados com a reforma administrativa do governador.
Hélio Isaias (PP) é secretário da Defesa Civil desde o início do terceiro governo de Wellington Dias. Ele deve retornar à Assembleia em abril para concorrer à reeleição. O deputado é bem votado na região de São Raimundo Nonato.
Rejane Dias é secretária de Educação. Ela comanda uma das pastas mais importantes da administração de Wellington Dias (PT). Esposa do petista, ela foi a deputada federal mais bem votada na eleição de 2014. A reeleição dela é dada como certa pelo PT.
A deputada estadual Janaína Marques é uma importante liderança da região Norte do Estado. Ela é atualmente secretária de Infraestrutura e deve buscar a reeleição no próximo ano.
O secretário de Segurança Fábio Abreu também é mais um secretário pré-candidato a reeleição em 2018. Atualmente no PTB, ele deve mudar de partido para disputara reeleição como deputado federal. O novo destino político do secretário deve ser o PR.
E por falar no PR, o presidente estadual da sigla e deputado estadual Fábio Xavier vai disputar a reeleição no próximo ano. Ele é atualmente secretário de Cidades e está no cargo desde o início do terceiro mandato de Wellington Dias (PT).
Na secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, o deputado estadual Nerinho é pré-candidato à reeleição. Ele é atualmente do PTB, mas também há a possibilidade de mudar de partido até lá. Fiel a Wellington Dias, o secretário faz parte da administração estadual desde o início do governo.
A secretária de Meio Ambiente também é comandada por um pré-candidato. O deputado estadual Ziza Carvalho do PROS. Ele deve concorrer a reeleição por uma vaga Assembleia Legislativa do Estado.
O deputado estadual Gessivaldo Isaías (PRB) é secretário do Trabalho e deputado estadual. Ele é considerado pré-candidato à reeleição por uma vaga na Assembleia.
O deputado estadual Flávio Júnior (PDT) deve concorrer a reeleição de deputado estadual. Ele é secretário de Turismo de Wellington Dias, cargo que já foi de seu pai, Flávio Nogueira. Este vai buscar eleição de Federal.
Pablo Santos foi beneficiado com a reforma administrativa que resultou na criação de novas pastas. O deputado estadual ficou com o comando da Fundação Hospitalar que tem status de secretaria. Com a pasta, ele vai comandar seis hospital, entre eles o de Picos, cidade onde ele é bem votado.