Jornalista Paulo Machado visita Esperantina e doa livros à Biblioteca Municipal
Mais de três centenas de livros chegam a Esperantina para integrar o acervo da Biblioteca Municipal Antonio Otavio de Melo.
Uma doação do jornalista Paulo Machado, 41 anos de idade, esperantinense radicado em São Paulo há mais de uma década. A importante doação abrange áreas como saúde, biografia, literatura infanto-juvenil, educação, Direito, teatro, literatura, esporte, religião e diversos. São obras de muitos autores, de anônimos a renomados: Machado de Assis, Castro Alves, Sônia Junqueira, Claudio Feldman, Fernando Gabeira, Érico Veríssimo, Josué Guimarães, John Bunyan, Álvares de Azevedo, Mário Prata, Carlos Drummond de Andrade, Goethe, Plínio Marcos, Vladmir Nabokov, Raquel de Queiroz, J. K. Rowling, Paulo Coelho, Maquiavel, Pablo Neruda, Shakeaspere, Ariano Suassuna e outros. O jornalista é um entre tantos esperantinenses que foram embora e não voltaram.
A maior parte da vida, Machado morou fora de Esperantina, quando teve que se acostumar a viver longe da família. Ele saiu da zona rural esperantinense e se tornou urbano da maior metrópole brasileira, num processo longo, gradual e planejado. Se integrou à cidade de São Paulo e a megalópole a ele – hoje se sente paulistano. “Se tornou habitual em Esperantina as pessoas me perguntarem se sou de fora. Sentem imediatamente a diferença no meu sotaque, entre outros aspectos. Quando saio pelas ruas percebo que várias pessoas me olham com ares de indagações” afirma Machado, que esteve em agosto último visitando a cidade natal e saiu com a pele queimada pelo calor de 38° C. Passeou bastante pela cidade e a zona rural do município, tomou banho no Rio Longá e visitou vários parentes e amigos. Aproveitou a ida à Esperantina para enviar uma coleção de livros bem diversificada à biblioteca municipal.
Registros da indústria gráfica em 80 anos, no período de 1938 a 2018, pelas melhores editoras do Brasil, 56% delas somente na cidade de São Paulo. Na sequência aparecem livros fabricados no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campinas, Ribeirão Preto, entre outras cidades do País. Também há diversos livros estrangeiros (em inglês, francês, italiano e espanhol), feitos na Inglaterra, Espanha, França, Japão, Itália, Estados Unidos, Israel, Argentina e Peru. Todos os livros estão bem conservados e limpos, e muitos são novos. O esperantinense radicado em São Paulo gostou bastante de rever a terra natal.
Surpreendeu-se com o crescimento e modernização de Esperantina (40 mil habitantes), uma das dez maiores cidades do Piauí, pois há 11 anos não visitava o lugar onde nasceu e viveu por toda a infância. Quase foi agredido ao fotografar as ruas da cidade; os donos de uma loja o procuraram apreensivos perguntando de onde ele era e porque estava fazendo fotografias. Teve que usar a diplomacia para evitar complicações. Gostou de voltar a ouvir o canto das araras jandaia verdadeira (Aratinga jandaia) nas palmeiras de babaçu, apreciou a beleza dos cajueiros, ambos abundantes em todo o município. A habilidade para a escrita e leitura foi um dos fatores que possibilitaram a permanência do artista na capital paulista, o que motivou a fazer a doação dos livros, para que mais pessoas possam ter acesso à cultura refinada.
A doação é importante para ampliar a possibilidade de acesso ao conhecimento em pesquisas de alunos e leitores de Esperantina. Os 321 livros saíram de São Paulo numa transportadora, com destino à Esperantina, no Norte do Piauí. “Fiquei muito emocionado quando estava arrumando os livros nas caixas para atravessarem o Brasil rumo ao Nordeste. Alguns livros eu ganhei de presente, muitos eu comprei em livrarias, sebos e estações de metrô, outros foram doações de amigos. Percebi que, de certo modo, esses livros também contam a minha própria história vivendo na maior cidade do País”. Revela Machado, estudiosos das artes gráficas, publicitárias e musicais.
CONTATO DIRETO COM AS ARTES E A MÍDIA
Machado começou a ficar conhecido pelas criações artísticas dele quando era estudante do ensino médio em Esperantina, na Escola Estadual Leonardo das Dores (quando funcionava na Avenida Petrônio Portela), entre 2005 a 2007. Aos 29 anos de idade, definitivamente ele surgiu diante do público. Na escola, criava artes para os eventos, que eram estampados em camisetas, banners e panfletos. Também cantava nas festas da escola. Lá também inventou um jornal. Voltou a morar em São Paulo em 2008 e o trabalho dele teve sequência, alcançando maiores projeções. Estava destinado a ter contatos com grandes artistas brasileiros.
Fez cobertura de alguns dos maiores eventos de São Paulo, mas o trabalho mais conhecido dele em nível nacional é a ampla cobertura da trajetória da cantora e radialista Márcia Ferreira e o universo da lambada. A vida dele se cruzou surpreendentemente com a história da música Chorando Se Foi (Llorando Se Fue – Ulisses e Gonzalo Hermosa. Versão: Márcia Ferreira e José Ari). Entre as entrevistas mais bem-sucedidas, está a que ele fez com o cantor Frank Aguiar. Participou de um evento em São Paulo, ao lado da dançarina e atriz Rita Cadillac. Durante uma cobertura do Reveillon da Paulista, se encontrou com a atriz Nanda Costa, a mulher mais famosa do Brasil naquele momento, a protagonista Morena na novela Salve Jorge, da autora Glória Perez (Rede Globo, 2012). O artista passou três semanas em Esperantina e relembrou os tempos em que viveu no município.
Visitou o lugar Alegrias, situado há sete quilômetros da cidade, nas margens da rodovia estadual PI-214, importante para a memória dele, onde nasceu em 6 de julho de 1978, numa humilde família de lavradores. Ficou paralisado sobre a areia branca da estrada de terra cercada por muitas palmeiras de babaçu; lembrou que brincava ali quando tinha apenas quatro anos de idade. Foi ao cartório de Esperantina, onde tirou a segunda via da certidão de nascimento. Teve contato direto com as origens dele, se sentiu como uma ave que volta ao ninho onde nasceu. Foi e voltou da terra natal olhando as nuvens nos céus do Brasil pela janela de aviões.
Quando foi estudante do ensino médio em Esperantina, Machado frequentou bastante a biblioteca municipal; algumas vezes para fazer pesquisas escolares, mas, frequentemente, ia à biblioteca para ler o jornal Meio Norte. O artista sempre lutou para realizar os objetivos dele, acreditando que alcançaria isso fazendo exatamente o que mais gosta. Todo profissional só é bem-sucedido quando trabalha com o que realmente lhe satisfaz e dar prazer. Ao longo de 11 anos morando na capital paulista, ele acumulou uma razoável quantidade de livros e resolveu doá-los à população de Esperantina. A secretária Evellyn Sara, o professor Carlos Araújo e a professora Valda Amorim ajudaram na viabilização da entrega dos livros à biblioteca municipal.
Entre centenas de títulos, estão clássicos da literatura brasileira e mundial: ALVES, Castro. O navio negreiro: tragédia no mar (Global Editora, 2008). SHAKESPEARE, William. Macbeth (Editora Brasiliense, 1989). JORNAL NACIONAL: a notícia faz a história. Memória Globo (Jorge Zahar Editor, 2005). VERÍSSIMO, Érico. Incidente em Antares (Companhia das Letras, 2006). MAQUIAVEL, Nicolau. 500 anos de O Príncipe (Editora Pé da Letra, 2018). AZEVEDO, Aluízio de. O cortiço (Ciranda Cultural, 2008). NABOKOV, Vladimir. Lolita (Folha de S. Paulo, 2003).
Catalogação dos livros doados ao acervo da Biblioteca Municipal Antonio Otávio de Melo. CLICK AQUI