ARTIGO: A inveja
Por Marcio Kühne
A inveja não diz respeito ao outro, mas diz respeito a si mesmo. Quem inveja é um insatisfeito crônico com o que tem e com o que é.
Alguém que não está realizado com as suas conquistas, com sua inteligência, com sua personalidade, com o seu corpo ou com suas escolhas de vida. A inveja é doença existencial. Admirar pessoas bem sucedidas não é um problema, mas desejar ser elas…
O invejoso olha o outro e se ressente de não ser ou de não ter o que ou outro tem ou é, assim, o invejoso é uma pessoa insatisfeita e não realizada. O invejoso não gosta de ser quem é. Não existe uma pessoa perfeita, um ser completo, portanto, todos já sentiram inveja um dia, em algum grau, de alguém ou de algo, mesmo que tenha sido pouco ou breve.
O que não se pode fazer é al imentar este sentimento nefasto. Como disse Lutero: “Não posso evitar que um pássaro pouse em minha cabeça, mas posso evitar que ele faça um ninho.” Quando deixamos a inveja aninhar-se em nós, deixamos de desejar o que é do outro para desejarmos que o outro não mais tenha.
A inveja em níveis elevados torna-se tão doentia que o invejoso fica tão incomodado com o que ele não tem ou não é que passa a desejar que o outro perca ou deixe de ser. O outro perder passa a ser o único consolo daquele que não tem. O mais incrível é que o invejoso causa mais mal a si mesmo do que ao objeto da sua inveja. O invejado continua caminhando em paz com sua vida enquanto o invejoso não mais dorme, não tem paz e trava uma guerra muda que destrói sua própria vida.
Quem está em paz com o que é e com o que tem, está feliz, goza de pa z de espírito. Para o invejoso, há uma frase de Jean-Paul Sartre que é perfeita: “O inferno é outro”. Desejar ser o que ainda não se é ou desejar ter coisas que ainda não conquistamos não é um problema em si. Admirar é saudável, mas querer roubar o que o outro é não é possível. Devemos desejar e buscar nosso crescimento, mas não podemos “culpar” quem é pelo que nós não somos. (Luciano Maia)
Admire e respeite. Prospere e compartilhe.