Esperantinense comanda o Museu do Piauí há 21 anos
O Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes é para a sua diretora Dora Medeiros um cantinho que representa muito em sua vida. Afinal, já são 21 anos dedicados a instituição que ela tem orgulho em trabalhar e desenvolver projetos importantes para o local cada dia mais visitado.
Foram muitos desafios, e hoje, ao olhar para trás, pode dizer o quanto se sente feliz com os resultados alcançados.
A menina tímida de Esperantina que trocava as brincadeiras, aos 11 anos, para ir à loja do seu tio, Elias Medeiros, olhar o movimento das pessoas no armarinho e, aos 14, já ensinava em uma escola, contratada da prefeitura do município, chegou a Teresina aos 16 anos para estudar, pois em sua terra natal só havia até o ginásio. E foi trabalhando na Secretaria de Cultura em abril de 1974 que ela foi descobrindo o prazer de se envolver com a cidade, seus encantos, sua arte. “Comecei como recepcionista e sempre tive interesse em aprender algo”.
Entrevista concedida ao Jornal Meio Norte.
Como foi quando você assumiu o Museu como diretora?
Foi em 1999 quando a Francisca Mendes entrega o cargo e assume o Nonato Oliveira que já tinha sido diretor do Museu, mas ele dessa vez fica quatro meses e logo depois eu assumi o lugar e estou aqui até hoje. Me sinto muito bem, muita luta, um trabalho de reengenharia, encontrei uma instituição que precisava de transformação. Assumi em junho de 1999. O Museu é uma das instituições mais respeitadas no mundo. Quando um turista chega numa cidade a primeira coisa que ele quer visitar é o museu. Vi que no Piauí, não estava tendo o devido valor e essa foi a minha meta, dar visibilidade. Primeiro executamos esse projeto que a Francisca tinha deixado que era o desenvolvimento de atividades culturais e foi crescendo, investindo ainda, claro que o museu tinha problemas sérios. Nossa sede é um palácio que trata de meados do século 19, ano de 1859, e tinha uma importância muito grande, abrigava um acervo que conta a história e a memória do Piauí e precisava ser reconhecida e respeitada.
Como piauiense acredita que as pessoas valorizam sua história? Os museus são um importante instrumento de preservação do passado, de que forma o Museu do Piauí está atraindo visitantes?
O processo de valorização vem crescendo bastante. Hoje as escolas levam os alunos para o museu. Nosso programa educativo é muito atuante, convênio que fizemos com a Secretaria de Educação, composto de cinco professores da Seduc que desenvolvem ações na Casa e tem sido muito importante. O Museu do Piauí apesar de clássico, histórico, ele acompanha evolução do tempo. Na nossa gestão transformamos a Casa de Odilon Nunes num centro cultural, vivo, dinâmico, contribuindo, assim, significativamente para a preservação do seu acervo às gerações futuras.
O que mais deixa você feliz nesse tempo à frente da instituição?
É ver que a partir desse trabalho de muitos anos de dedicação, valeu a pena. Hoje o Museu tem visibilidade. Nós conseguimos executar vários projetos, principalmente, a partir de 2013, quando o Ministério da Cultura era presidido por Gilberto Gil, no governo Lula e isso deu uma guinada na área da cultura e na área dos museus. Foi muito positivo. Nós éramos reconhecidos, solicitados e tínhamos reuniões. A gente ia pelo menos duas vezes por ano a Brasília participar de reuniões no MinC. Tinha um projeto que conseguimos aprovação que era para fazer uma restauração do prédio e tinha outras ações de atividades educativas e culturais.
É difícil dirigir uma Casa com tantos anos de história como o Museu do Piauí?
Continua sendo um grande desafio, pois eu não me acomodo. Sempre acho que preciso realizar mais alguma coisa, apesar de que já me sinto muito feliz pelos avanços que conseguimos realizar. Mas ao mesmo tempo a instituição Museu do Piauí necessita sempre de um olhar cada vez mais atencioso, a fim de que se possa ter a garantia da preservação da história e memória do povo piauiense.
Como começou a sua relação com o Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes?
Minha relação com o Museu do Piauí começou no período do Governo Freitas Neto, em 1991. Eu sou funcionária da Secretaria de Cultura. Na época, era coordenadora de atividades Culturais do DAC, que era o Departamento de Assuntos Culturais e o José Elias Arêa Leão assumiu a secretaria, que virou Fundação Cultural do Piauí. Ele, como presidente da Fundação, me convidou para ir trabalhar no Museu do Piauí. Eu fui assessorar a diretora da casa, que era a Francisca Mendes. Fiquei na parte administrativa, ajudando nas atividades educativas e culturais. Quando assumi a direção do Museu estava bem familiarizada e sempre tinha aquele objetivo de realmente transformar aquela instituição de grande visibilidade, desenvolvendo ações que atraíssem as pessoas para lá, focando no público estudantil. E realmente ao longo dos anos a gente foi vendo que esse era o caminho, mostrar a importância. Conscientizar é um trabalho muito árduo, demanda tempo. Antes, os museus eram vistos como algo do passado e as pessoas não entendiam a sua verdadeira missão. Então, nós tivemos esse grande desafio e fomos investindo em projetos.
Integrante do Conselho Estadual de Cultura
Dora é licenciada em História pela Universidade Federal do Piauí. Pós-graduada em Administração, em nível de Especialização: Gestão Empresarial Competitiva, com ênfase em Recursos Humanos (INPG) na cidade de São Carlos(SP). É Especialista em História da Arte e da Arquitetura. Membro do Conselho Estadual de Cultura, Coordenadora do Sistema Estadual de Museus do Piauí e Diretora do Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes