Correios deflagram greve em meio a pandemia
Os servidores dos Correios entram em greve por tempo indeterminado, a partir de hoje, em 22 Estados brasileiros, incluindo o Piauí.
O sindicato dos servidores reivindica reposição salarial e manutenção de alguns direitos adquiridos. A greve acontece em meio à pandemia e, é bom lembrar, os Correios são considerados serviço essencial, de acordo com o decreto de calamidade pública assinado pelo Presidente Jair Bolsonaro.
A greve nos Correios já foi incorporada ao calendário anual de paralisações no país. Os servidores protestam, entre outras coisas, contra a proposta de privatização da empresa, mas não percebem que as sucessivas greves no setor minam a credibilidade já arranhada da instituição e a empurram ainda mais para as mãos da iniciativa privada.
Os salários dos servidores dos Correios não são altos, mas eles adquiriram ao longo do tempo alguns benefícios dos quais não querem abrir mão agora, como 14º salário, auxílio peru, entre outras vantagens. O sindicato alega que, em momento de crise como este, a atual direção contratou dez dirigentes da carreira militar com salários acima de R$ 30 mil.
Fato é que, há muito, os Correios deixaram de ser sinônimo de eficiência e confiança como já foi no passado. Por isso mesmo, a ideia do governo de vender a empresa tem muita adesão na sociedade. Neste instante, quando a população está precisando das encomendas adquiridas eletronicamente, o serviço para e dá mais munição ao discurso privatizante.
A direção dos Correios no Piauí se manifestou por meio da seguinte nota:
Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados conforme contracheques em anexo que comprovam tais afirmações.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.