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O que é ‘círculo azul da IA’ nas conversas do WhatsApp?

O brasileiro viu seu WhatsApp ser invadido pelo “círculo azul da IA”, que é a representação visual da Meta IA, em aplicativos como Instagram e Facebook.

Para além de buscar informações na internet e criar imagens – nem sempre correspondentes às orientações, haja visto o Homem-Aranha plantando bananeira e o Batman da capoeira -, o assistente pessoal é a aposta da companhia de Mark Zuckerberg para atingir ao menos quatro grandes objetivos, segundo mostram documentos da própria empresa e a análise de especialistas em tecnologia.

1) Mais dados sobre você

A empresa já garimpa dados dos usuários em todas as suas plataformas. Mas há detalhes que as pessoas só revelam em uma conversa. É nisso que a Meta está apostando. Nisso e no fato de a IA lembrar do que for dito a ela para usar em oportunidades futuras.

Se bater aquela curiosidade para saber o que o robô lembra de você, não precisa nem perguntar. Basta digitar “/saved-details” no chat para ele abrir o jogo.

E, se você está se perguntando como a Meta fará isso se as mensagens no WhatsApp são criptografadas, aí vai um detalhe: toda interação com a Meta IA não é protegida por essa camada de segurança. E isso nos leva ao segundo objetivo da empresa.

2) Agora, você é ‘coach de IA’ da Meta

A Meta não só pode como admite que vai dar aquela espiadinha no que você pedir à Meta IA.

É bem verdade que ela vai fazer isso para detectar se as pessoas estão usando a IA para infringir a lei, os termos de uso do serviço ou os padrões de comunidade.

Além disso, ela vai olhar as mensagens enviadas à IA para melhorar os próprios serviços e recursos e para rodar pesquisas.

Como WhatsApp, Instagram e Facebook possuem cada um mais de 2 bilhões de usuários, a Meta criou o maior laboratório de treinamento de IA do mundo. De quebra, a empresa contorna um dos maiores gargalos enfrentados atualmente pelas grandes potências da IA na hora de aprimorar seus modelos.

É possível, porém, pedir para a Meta não usar seus dados para treinar a IA. Não ache, porém, que vai ser fácil. É preciso preencher esse formulário para conseguir.

É bom lembrar que a Meta IA é abastecida pelo Llhama 3.2, o grande modelo de linguagem da Meta. Além de brigar em pé de igualdade com os de outras empresas, ele apresenta o diferencial de adotar uma modalidade de código aberto. Ou seja, enquanto Google e OpenAI cobram pelo acesso a seus modelos, a Meta o fornece de graça.

3) Fazer a IA pop

A OpenAI deixou o mundo boquiaberto com o ChatGPT, que atualmente possui 200 milhões de usuários.

Amplamente populares, todas as plataformas da Meta possuem dez vezes essa quantidade de usuários. E, diferentemente do ChatGPT, que é acessado para ações pontuais, as pessoas recorrem a Instagram e WhatsApp para atividades cotidianas, já que os serviços viraram ferramentas de trabalho e os principais meios de contato para quaisquer interações pessoais.

Não à toa, a própria Microsoft criou dentro do WhatsApp uma conta para o Copilot, o assistente pessoal para fazer a IA decolar no Windows.

4) Muitos mais minutos da sua atenção

Muitas pessoas já não saem de WhatsApp e Instagram para nada. Recebem por lá notícias, fake news, vídeos, imagens etc. A chegada a esses serviços de uma ferramenta capaz de vasculhar a internet em busca de informações para satisfazer um pedido tem o poder de manter os usuários ainda mais vidrados.

Até agora, as redes sociais têm mantido as pessoas cativas por meio do conteúdo gerado por outros usuários. A chamada “economia da atenção” tem sido sustentado por essa lógica: as empresas vendem espaço publicitário construído graças à produção de material por parte de usuários que não pagam para estar ali senão com seu tempo.

Com a IA, a Meta cria uma máquina competente em depositar nas caixas de mensagens de usuários um conteúdo aparentemente personalizado a partir de tudo que a humanidade já produziu. E repetir isso quantas vezes de novo. E de novo.

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