Acusado da morte de Abraão Gomes é absolvido pelo Tribunal do Júri

O Tribunal de Júri de Teresina absolveu, por quatro a três, às 23h30 de segunda-feira, em julgamento de 14 horas e meia já iniciado às 9h do mesmo dia, o advogado Virgílio Bacelar da acusação de ser o mandante do assassinato do ex-deputado estadual Abraão Gomes, crime ocorrido no dia 29 de agosto de 1989, isto há há 27 anos.

Foi a segunda vez que o Tribunal do Júri absolveu Virgílio Bacelar. O primeiro julgamento foi anulado porque os advogados de acusação e o Ministério Público alegaram que o advogado teria ido na casa do integrantes do Tribunal do Júri para intimidá-los.

Durante o julgamento, o advogado Virgílio Bacelar chorou três vezes e disse ser inocente. A acusação foi feita pelo promotor de Justiça João Malato e o advogado da família de Abraão Gomes, Alcimar.

A família de Abraão Gomes disse que não vai recorrer da sentença de absolvição de Virgílio Bacelar pelo Tribunal do Júri de Teresina porque o crime prescreve no dia 27 de maio deste ano.

Durante o julgamento foram ouvidos a viúva de Alcides Nery do Prado, julgado e condenado como sendo o pistoleiro contratado para matar Abraão Gomes; o policial militar que estava de plantão no dia em que o carro em fuga passou pela Ponte Metálica de Teresina ; o contador Clarindo Carvalho e o ex-vereador de Porto, Pedro de Sousa Lima.

O PM disse em seu depoimento que reconheceu o policial civil de nome Cardoso Moreira da Silva, suspeito de participar do crime.

Clarindo Carvalho, que era contador da Prefeitura de Porto na época do crime, confirmou que fez um depósito no valor de 100 mil cruzeiros para Alcides Nery Prado a pedido de Virgílio Bacelar.

O ex-vereador do município de Porto, Pedro de Sousa Lima, que confirmou a rivalidade que existia entre o advogado Virgílio Bacelar, irmão do prefeito do município, Dó Bacelar, e o ex- deputado estadual Abraão Gomes.

Ao prestar depoimento, Virgílio Bacelar chorou três vezes e disse não saber o motivo da acusação do crime. Ele disse que conhecia Alcides Nery do Prado há mais de 10 anos e o dinheiro que tinha entregue a ele era para a compra de ouro.

O promotor de Justiça, João Malato, que atuou na acusação, disse que Virgílio Bacelar tentou manipular e ameaçou familiares do júri.

João Malato falou que Virgílio Bacelar conseguiu por 17 anos protelar o julgamento.

“Nunca vi em todos esses anos essa proeza. São 17 anos de recurso atrás de recurso. O último foi mês passado que conseguiu adiar, já que estava na iminência de prescrever”, disse.

João Malato afirmou que se demorasse mais um mês, o crime seria prescrito.

“Isso é ou não impunidade?”, indagou João Malato, acrescentando que as lágrimas do choro de Virgílio Bacelar eram lágrimas de crocodilo.

Fonte: Jornal Meio Norte
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