ARTIGO: O que é nepotismo
Por Francisco Mesquita (esperantinense residente em Teresina)
O terno nepotismo é relativamente desconhecido na linguagem do senso comum. Porém, termos semelhantes são bem conhecidos, tais como: pistolão, quem indica (QI), padrinho político, entre outros. Popularmente, o termo nepotismo significa emprego de parente no serviço público, sem passar pelo concurso.
Em sentido etimológico, a palavra nepotismo expressa favoritismo, preferência, proteção. A prática do nepotismo é bastante antiga, e por incrível que pareça, nasceu no âmbito da Igreja Católica. Indicam relatos históricos que, na idade média, quando a igreja também tinha poder político, os papas conservavam o hábito de nomearem irmãos, sobrinhos, primos para exercer função de conselheiros e outras atividades de gestão da Igreja. Daí que a palavra nepotismo se originou da autoridade exercida pelos parentes dos papas empregados na administração eclesiástica. Mas, com a evolução dos tempos a prática do nepotismo passou ao âmbito da política e daí para o domínio da gestão pública e se tornou comum no Brasil. Criou-se, então, o mau costume, entre muitos políticos, de nomearem seus parentes para desempenharem atividades no setor público, independente da capacidade técnica e profissional do agraciado.
Assim, tornou-se habitual no âmbito de prefeituras, de governos e de secretarias de estado – sob um velho e fraco argumento de muitos gestores de que seus entes familiares são preparados e de confiança –, a nomeação de parentes para exercer função pública. São inúmeros os casos em que primos, sobrinhos, irmãos, filhos, mãe, sogra, cunhado e esposas são “pendurados” nos “cabides” do setor público por parente a frente da gestão. Há, inclusive, o nepotismo cruzado, quando um gestor atende solicitação de um amigo também gestor para empregar parentes do amigo nas dependências em que ele dirige, evitando, assim, sê-lo tachado de nepotista.
Por outro lado, o termo pistolão – semelhante ao nepotismo – difere deste apenas no fato de uma pessoa influente indicar o amigo, ou parente do seu amigo, para cargo público. Lastimavelmente muitos cargos nos governos estaduais e municipais são distribuídos a pistolões políticos para indicarem os favorecidos e, geralmente, estes são ou se tornam seus cabos eleitorais. QI, na gíria lingüística brasileira, é sinônimo de pistolão, refere-se à pessoa que tem poder de propor alguém para cargo público. De tal modo, o sujeito de forte influência usa seu poder, seja este poder econômico, político, intelectual para colocar alguém na atividade pública e não necessariamente precisa ele ser do poder público, às vezes basta ter amigo lá e fazer-lhe a solicitação.
A esta altura o leitor deve estar se perguntando: bem, mas que mal há uma pessoa usar de sua influência para “empregar” outra no setor público? Uma análise pouca apurada não ver mal nenhum, pelo contrário, poderá perceber vantagens, pois na relação de favorecimento os dois lados são beneficiados: o lado que indica se for um político, ou pretenso candidato a cargo eletivo, poderá ter mais uma pessoa sob seu “domínio” e um provável cabo eleitoral. Para o indicado, resta o beneficio do trabalho arrumado pelo pistolão. Nesse caso, claro, os dois lados saem ganhando.
Contudo, analisando de modo profundo, há enormes males na prática do pistolão, do QI e do nepotismo, senão vejamos alguns: quase sempre pessoa indicada é tecnicamente despreparada para assumir a função que ocupa, derivam disso várias conseqüências, como: pouco conhecimento das ações que realiza, atendimento ao público de forma precária, descompromisso com a função (afinal tem quem lhe proteja), injustiça no atendimento, isto é, atende pessoas pela amizade, pela simpatia, pela indicação do padrinho político, etc.
Além disso, como ela não fez concurso público para ocupar aquela vaga (que é o modo correto, pois assim todas as pessoas que se sentissem preparadas poderiam concorrer ao posto, e assumiria aquela que apresentasse melhor desempenho), contribui com a desqualificação dos serviços públicos. Por fim, em muitos casos, para compor os chamados cargos de confianças (secretarias, diretorias, chefias) sequer são solicitados dos favorecidos currículo para avaliar sua vida funcional. Deste modo, os cidadãos, a população, a sociedade em geral sofrem as conseqüências do nepotismo.
O nepotismo também srve para as pessoas acharem que são donas do mundo e não devem explicaçõs à população!!!!