ARTIGO: Querem escravizar os professores
Por Macelino Keliton / Espaço Geográfico
É com muita lamentação que vejo um desabafo, em uma rede social, de uma colega de profissão ao dizer que está desistindo da luta por dias melhores em relação ao horário pedagógico da cidade em que trabalha.
A tarefa já é árdua para se formar, ter um diploma e o direito/obrigação de lecionar. Muitas batalhas são feitas à procura de conhecimento, uma boa aprendizagem, uma bagagem de informações para nos libertarmos da escuridão do analfabetismo. A conjuntura educacional de hoje ainda nos dar o desprazer de termos graduados analfabetos funcionais como já disse em outras postagens. Mais não vou aqui relatar novamente sobre este problema.
O problema a ser tratado neste momento está depois que os professores saem da Universidade e vão para as salas de aulas. Com todos os percalços de uma educação mal feita e estruturada da qual passa um futuro docente, os mesmo há de conviver com um calo chamado de administração pública (municipal ou estadual) após receberem seus diplomas.
A estrutura física e pedagógica das nossas escolas não é boa. O salário fica a desejar. Não menos pavoroso do que esta situação está a falta de reconhecimento por parte de quem os governa.
Invés de ajudar, pois é isso que sempre prometem, as administrações procuram meios, os mais descarados possíveis, para tornar um professor escravo de si e da estrutura educacional.
Confira um trecho do desabafo da professora que desistiu de lutar por dias melhores:
“Os professores do Morro do Chapéu não merecem que sacrifiquemos nossas vidas por eles”. (Marina Duarte).
A atual administração educacional da referida cidade tem pisado na bola quanto ao verdadeiro respeito para com alguns direitos dos professores onde Leis federais não devem ser ultrapassas por Leis Orgânicas.
Lamentáveis exemplos
Um professor entrou na Justiça para ser chamado depois que foi aprovado no último concurso público da cidade para professor da Educação de Jovens e Adultos. A administração alega não ter vagas, no entanto no edital, feito por quem afirmou não ter vagas, está claro que existe sim vagas para o cargo. A justiça está analisando o caso.
Outro exemplo é a vontade da administração atual querer aprovar na Câmara Municipal um projeto onde querem acabar com o horário pedagógico do professor (o professor, naquela cidade, tem a obrigação de ir para escola os 5 dias úteis da semana, no entanto lá estando, caso não tenha nada para fazer durante o horário pedagógico, deve ir dar aula de reforço).
Se não fui claro nesta última parte do texto é porque não tem como se concentrar perante tamanha escravidão psicológica por qual passo neste momento de escrita. Imagina na escravidão que temos (professores) que passar nesta cansativa luta de ensinar enquanto somos maltratados por quem deveria nos libertar, dia após dia.
Infelizmente não temos, por enquanto, novos relatos que, sinceramente, me envergonha tanto nos atos em si como na boca fechada dos professores que aceitam esta situação por aceitarem serem escravos de si próprio.
À minha colega de profissão citada no início do texto fica meu repúdio aos seus governantes.
“Sou o que eu penso, para vocês, sou o que eu transmito”.