Como o piauiense Whindersson Nunes virou o rei do YouTube
Três jovens conversam, excitados, em um corredor da casa de eventos Theresina Hall, na capital do Piauí. Um adolescente diz: “Se eu tossir, meu coração vai sair pela boca”. A garota ao lado gaba-se: “Conheço o Whindersson desde quando ele era nada”. Seu amigo, então, retruca: “Mas foi uma amiga sua que apresentou você pra ele”. Não ligou o nome à pessoa? “Whindersson” é Whindersson Nunes, humorista piauiense de 21 anos — hoje o maior fenômeno individual brasileiro do YouTube.
Quando, enfim, ele surge, a plateia perde o chão. Garotos com o mesmo corte de cabelo do comediante — a franja alisada jogada para a direita — se empurram para chegar perto dele primeiro. Groupies vestidas com camisetas onde se lê “Nordestinas de Whin” se jogam em busca de um abraço ou, talvez, de um beijo.
Políticos se esgueiram entre a molecada para tirar uma selfie, quem sabe gravar um vídeo rápido, para postar em suas redes sociais. Um grupo se destaca ao exibir blusas com os dizeres: “Fazemos parte dos 10 milhões”.
Não ligou o número à pessoa? Trata-se de uma referência à colossal marca de inscritos atingida no fim de julho pela página de Whindersson no YouTube, na qual ele publica vídeos com piadas sobre cenas de seu cotidiano, análises hilárias de blockbusters e paródias de clipes musicais (Qual É a Senha do Wi-Fi?, sua versão do hit Hello, da inglesa Adele, contabiliza 33 milhões de visualizações).
Seu canal é o segundo maior do Brasil — perde apenas para o Porta dos Fundos, que tem 12 milhões de seguidores. O humorista, ou melhor, “youtuber”, para usar o jargão da turma conectada, é um formidável exemplo dos ídolos que surgem e são alimentados pela força avassaladora do mundo digital.
Ex-ajudante de garçom, Whindersson Nunes surgiu na internet compartilhando gravações engraçadinhas, filmadas em seu quarto com uma câmera emprestada. Após atrair a atenção de milhões de pessoas, ele passou a realizar shows de stand-up comedy Brasil afora. Neste ano, já visitou mais de setenta municípios de dezenove estados.
Em suas viagens, quando desembarca do avião, já aconteceu de ser abordado por funcionários da Infraero que o guiam até as portas laterais do aeroporto a fim de impedir que o saguão vire palco de um incontrolável tumulto provocado por seus admiradores. Coisa de pop star.
Fonte: Capital Teresina