Deputada quer impedir que Coca-Cola use o nome da Cajuína em refrigerante

A deputada estadual Flora Izabel realizou um pronunciamento na tribuna da Assembléia Legislativa do Piauí (Alepi) contra o uso do nome “cajuína” pela Coca-cola, que pretende dá esse nome ao seu novo refrigerante feito de caju, o “Crush Cajuína” (Foto). Segundo a deputada, a empresa multinacional decidiu tomar para si a cajuína, ao perceber que o consumo está ligado diretamente a cultura dos piauienses.

 

Flora afirma que a Cajuína é reconhecida por lei como um patrimônio do povo piauiense. Segundo ela, o Decreto Nº 13.068, de 15 de maio de 2008 declara de relevante interesse cultural o modo de fazer tradicional da Cajuína do Piauí.

 

“Esse decreto tem mais que o peso de uma patente, já que define o modo de produção da cajuína e resguarda o interesse de todo o povo piauiense. Por isso, estamos pedindo uma mobilização geral contra esta atitude da Coca-Cola”, destacou. Segundo a deputada, a multinacional não tem o direito de tomar para si a identidade cultural do Piauí para ter lucros, o que caracterizaria como falsidade ideológica.

 

A deputada destacou também que ao lançar um refrigerante com o nome de Cajuína, feito com água, açúcar e um pouquinho de caju e guaraná, será inviabilizada a produção da Cajuína tradicional, o que levará pequenos produtos à falência, desestabilizará o mercado e causará grandes prejuízos à cadeira produtiva da cajucultura. “Além disso, a Coca-Cola pode depois proibir os agricultores familiares de usar a marca Cajuína em seus produtos e cobrar royalties pelo uso”, observou a deputada.

 

A parlamentar lembrou que em 2008, uma empresa alemã registrou a rapadura como se fosse um produto da Alemanha. Neste caso foi patenteado um símbolo da cultura brasileira, o que segundo ela é o que está fazendo a Coca-Cola com a Cajuína. No caso da rapadura, os exportadores brasileiros do produto seriam obrigados a pagar royalties à Rapunzel alemã pelo uso da marca registrada.

 

Ela também frisou que o refrigerante será muito mais barato que a Cajuína tradicional, porém sem qualquer valor nutricional. Por ser mais barato, muitos poderão deixar a cajuína tradicional pela cajuína da Coca-Cola. “Mas será um equívoco. O preço da cajuína deve ser comparado com o preço do suco de uva, por exemplo, e não com o preço de refrigerante. Na comparação com o suco de uva, a Cajuína sai ganhando. Tem preço até menor e o mesmo valor nutricional”, comentou Flora Izabel.

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