Entrevista com Márcia Ferreira

Uma voz foi ouvida em toda a selva amazônica através das ondas sonoras da poderosíssima Rádio Nacional… Era o início de um trabalho vitorioso de comunicação social que veio a consagrar o nome de Márcia Aparecida Ferreira Gouveia no rádio e na música. Assim foi o começo da trajetória profissional da cantora e comunicadora MÁRCIA FERREIRA, que hoje aos 52 anos de idade tem muito que comemorar.

Nesta entrevista ao PORTALESP, a cantora fala abertamente da sua vida, da infância feliz em Minas Gerais à emoção de ter sido a locutora predileta dos garimpeiros da Serra Pelada. Mais que isso, ainda esteve empenhada em muitos projetos sociais na Amazônia. Márcia Ferreira conta ainda sobre a vitória e os desafios que enfrentou no auge de sua carreira musical. Com muita fé, entusiasmo e determinação, a cantora permanece firme diante de sua missão maior na vida: levar alegria e entretenimento ao povo brasileiro.

Paulo Machado – Como foi a sua infância em Minas Gerais ?

Márcia Ferreira – Minha infância foi na cidade de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais. Desde cedo vivi no meio do rádio e da música. Comecei a cantar com 6 anos de idade, acompanhada por um amigo da minha família, o Tinho, que tocava acordeon. Eu me apresentava em vários locais da cidade, em festas, escolas, aniversários, etc, com um repertório de artistas da época, como: Agnaldo Rayol, Claudia Barroso, Ângela Maria, Moacir Franco, Agnaldo Timóteo. Também com repertório de artistas da jovem guarda como; Wanderléia, Trio Esperança, Jerry Adriane, Roberto Carlos e outros. Com 8 anos fui crooner de um conjunto de baile que tocava no Clube União Operária da cidade de Pouso Alegre, que se chamava UOPA BOYS. Me apresentava antes das 22 horas e sempre acompanhada do meu pai e com autorização do juizado de menores. Nunca me esqueço da moda da época, onde as mulheres iam cheias de glamour e com altos penteados e muito laquê nos cabelos. Os homens de terno e gravata e nos cabelos muita brilhantina. Eu, é claro, também andava na moda, mas no dia seguinte quase morria para tirar o laquê dos cabelos. Risos.

Paulo Machado – Data do seu aniversário e em que cidade nasceu ?

Márcia Ferreira – Nasci em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 26 de fevereiro de 1958. Mas quando completei 2 anos de idade meus pais se mudaram para Pouso Alegre. Lá morei até os 8 anos, quando meu pai foi transferido para o Rio de Janeiro, onde morei até os meus 15 anos de idade.

Paulo Machado – Você herdou do seu pai a paixão pelo rádio.Como foi o convívio com seu pai, o saudoso radialista Mendes Ferreira ?

Márcia Ferreira – Meu pai, Mendes Ferreira, era o meu referencial como profissional. Sua inteligência e organização me chamavam a atenção. Ele gostava de me ver cantando e me incentivou ao máximo desde que comecei a cantar em casa, nas reuniões de fim de semana com amigos de nossa família. Ele era radialista da área esportiva e além das suas resenhas e comentários que levava ao ar em seus programas, também era narrador de futebol. Foi com ele que aprendi desde cedo o valor do rádio e me apaixonei pela comunicação.

Paulo Machado – Que ensinamentos sua mãe retransmitiu para você e que lhe influenciam até hoje?

Márcia Ferreira – Minha mãe era sempre o lado da produção visual, pois ela era extremamente vaidosa e linda. E também me ajudava no repertório. Tudo o que ela gostava, eu tratava de aprender para cantar primeiro para ela e, assim aprovada, cantava para a platéia: nas festinhas de aniversário, nas festas juninas, nos colégios e até nas festas de aniverário da cidade. Ela me transmitiu muitos valores espirituais, morais, éticos, domésticos, juntamente com meu pai.

Paulo Machado – De que jeito éa Márcia Ferreira como mãe ?

Márcia Ferreira – Praticamente herdei o jeito da minha mãe. Tenho três filhos, duas meninas e um menino, que hoje já são adultos e curtiram junto comigo todas as fases da minha carreira, tanto no rádio quanto na música. Quando estava grávida da minha primeira filha, fiz meu primeiro show na Amazônia Legal, em Rondônia. Fui levada por um empresário daquele Estado, que na época ainda era Território Federal, em 1980. Eu já estava trabalhando na Rádio Nacional em Brasília e meu sucesso na região do Baixo Equador era muito grande. O público desejava conhecer aquela mulher que falava todos os dias pelas ondas da Rádio Nacional com uma programação pioneira para aquela região da Amazônia brasileira.

Paulo Machado – Podemos dizer que Brasília é uma cidade que lhe traz sorte. Qual éa sensação que se tem por morar na capital do Brasil ?

Márcia Ferreira – Me sinto privilegiada por morar na capital do meu País, patrimônio cultural e arquitetônico da humanidade. Cheguei nessa cidade aos 15 anos de idade, juntamente com a minha família e vislumbrei muitos sonhos para a minha vida. Assim como o sonho de Dom Bosco que profetizou que aqui nasceria uma nova civilização, acreditei que Brasília seria um marco para a minha vida como profissional,tanto no rádio como na música. Isso era muito difícil de ser entendido pelas pessoas, porque aqui é o centro das atenções políticas. Mas mesmo assim, ainda consegui fazer com que a comunicação do Brasil se tornasse real para o Brasil que não conhecia o Brasil. E ainda projetar através da música a nossa cultura em todos os Países.

Paulo Machado – Você começou como locutora na Rádio Nacional da Amazônia, emissora RADIOBRÁS. Empresa estatal sediada em Brasília, cujo objetivo era promover a integração da Amazônia, que antes toda aquela extensa região brasileira só ouvia as rádios estranjeiras. Quais realizações isso trouxe para a sua vida ?

Márcia Ferreira – As realizações foram muitas. Começando pelo privilégio de ter sido a primeira radialista brasileira a falar no transmissor de maior potência da América Latina e a quinta em potência do mundo. Com uma programação pioneira voltada para atender a região da Amazônia Legal, que constitui nos Estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Roraima, norte do Estado de Goiás (que hoje éo Tocantins), Maranhão. Também Fernando de Noronha, que antes de pertencer ao Estado de Pernambuco era inserido no mapa político geográfico como Amazônia Legal. Pude realizar muitas viagens a esses Estados e assim aprender muito da cultura da região e sua biodiversidade.

Paulo Machado – Fale da sua longa parceria no rádio com o comunicador, cantor e compositor Edelson Moura.

Márcia Ferreira – Eu e Edelson Moura começamos a trabalhar juntos algum tempo depois da inauguração da Rádio Nacional da Amazônia. Ele era da Nacional de Brasília quando foi remanejado pela direção da RADIOBRÁS para vir para a Nacional da Amazônia. Eu, que já havia feito parceria com outros comunicadores por quase um ano, senti desde o primeiro instante que começamos a fazer programas juntos que aquela dupla era perfeita. Nossa química no rádio agradou em cheio a os nossos ouvintes e também à direção da emissora. Assim trabalhamos jumtos por 18 anos com nossos programas PERGUNTE O QUE QUISER, JORNAL DO SERINGUEIRO e BOM DIA AMAZÔNIA.

Paulo Machado – O que significa para você ter sido a primeira locutora a falar no transmissor de maior potência da América Latina ?

Márcia Ferreira – Confesso que quando comecei a trabalhar na RADIOBRÁS eu não tinha uma idéia real do que signifiava aquela programação. Mas com o passar de alguns dias com a programação no ar, comecei a sentir o peso e a responsabilidade, eo que representava aquele veículo de comunicação tão importante. As cartas começavam a chover na produção, com depoimentos marcantes de milhares e milhares de ouvintes que choravam e riam ao mesmo tempo, felizes por estarem ouvindo uma rádio brasileira. Comentários a respeito de que não sabiam de muitas coisas que aconteciam no País e qua as notícias quando chegavam por lá, já estavam defasadas. Muitos acompanhavam o que estava acontecendo no País através das emissoras estrangeiras, como a BBC de Londres (Britsh Broadcasting Corporation – corporação inglesa de radiodifusão, rede de rádio e televisão reconhecida mundialmente pela alta qualidade de sua programação e produçaõ), Voz da América, Rádio Moscou, entre outras. Mas que com a Rádio Nacional, apartir de então, estavam em total comunicação, tanto com as informações quanto com a parte musical. A maioria não ouvia uma rádio brasileira nos interiores longíquos do Pará, Amazonas, Acre e outros Estados da Amazônia Legal.

Paulo Machado – Você ganhou muitas homenagens pela sua popularidade no rádio. Quais títulos você já recebeu ?

Márcia Ferreira
– Recebi ao longo da minha carreira muitos títulos populares dos fãs e ouvintes, como: Fada do Seringueiro, Madrinha dos Garimpeiros, Rainha da Amazônia, Rainha da Lambada, Musa do Rádio, risos.

Paulo Machado – Quais as Condecorações de Estado recebidas por você ?

Márcia Ferreira – Recebi títulos e comendas de Estado, como Estrela da Ordem do Acre, no grau de Cavaleiro, a mais importante comenda do Estado, outorgada pelo governo do Estado do Acre em 1982. Título de cidadania do município de Parintins – AM pela divulgação do folclore e cultura dos bois bumbás, em 1986, concedida pela Câmara Municipal e Prefeitura de Parintins. Primeira comenda do Estado do Tocantins no grau de Comendador no ano de 1991, outorgada pelo Governo do Tocantins. Monção de Louvor concedida pela Câmara Distrital de Brasília.

Paulo Machado – No auge da extração de ouro no famoso garimpo da SERRA PELADA no sul do Pará, você era a locutora predileta dos garimpeiros. No rádio como era a sua relação com esses garimpeiros heróis que encantaram o mundo ?

Márcia Ferreira
– Eu estava ali todos os dias com a minha comunicação que ecoava por aquela imensa área de trabalho dos garimpeiros naquela serra, que em poucos anos se tornou um buraco profundo e de difícil acesso. Garimpeiros subiam e desciam escadas retirando o melexete (era assim que eles chamavam aquela lama que extraiam para procurar ouro) com o radinho nas costas ouvindo os meus programas. Eles escreviam para que eu pudesse levar suas notícias para suas famílias em outros Estados da Amazônia. Muitos ouviam seus pedidos de músicas preferidas sendo atendidos e também era o veículo onde as famílias enviavam suas mensagens, pois sabiam que seriam ouvidas. O nosso contato através do rádio era tamanho que eles me deram um título que guardo com muito carinho: MADRINHA DOS GARIMPEIROS. Esse título recebi primeiro no garimpo do Cumaru, próximo a Redenção – PA, e logo depois se estendeu ao garimpo da Serra Pelada. Estive lá em 1983, período em que era extremamente proibida a entrada de mulheres na Serra Pelada por questões administrativas e de segurança. Fui como convidada do SNI, que coordenava os trabalhos na Serra Pelada para comemorar uma grande tonelagem de ouro que havia sido extraída naquele ano. Todos me trataram com muito respeito, cuidado, alegria e confirmaram esse título que guardarei para sempre. Assim esse título se estendeu por todos os garimpos da região.

Paulo Machado – Você também foi repórter e apresentadora de TV. Quando e onde você viveu essa experiência jornalística ?

Márcia Ferreira – Trabalhei como apresentadora e repórter na TV BRASÍLIA, canal 6 de Brasília, que pertencia a Rede Tupi de Televisão em 1976. Foi o começo da minha carreira e representou muito no meu aprendizado como comunicadora, pois sempre era convidada para apresentar desfiles de moda na capital federal. Também apresentava festas infantis, concursos de miss, festas nas Embaixadas de Países em Brasília, etc.

Paulo Machado – Você colaborou com vários governos na implantação de projetos sociais. Onde e quais foram esses projetos ?

Márcia Ferreira – Para o Ministério da Agricultura, eu sempre estava participando do incentivo à produção agrícola. Fazia reuniões com agricultores em Mato Grosso, Goiás e levava informações, além de gravar as campanhas de financiamento das produções do Governo Federal para as emissoras de rádio e TV da Amazônia Legal. Trabalhei na área ambiental com a SUDHEVEA, superintendência da borracha, viajando a os Estados produtores de borracha, implantando os trabalhos do Governo Federal. Eu incentivava os seringais de cultivo no Amazonas, Pará, Acre e Mato Grosso levando informações sobre financiamentos do governo para o setor, além de apoio a os seringuieueiros e suas famílias. Levava informações através do Jornal do Seringueiro que ia ao ar todos os dias  nos meus programas na Rádio Nacional.

Paulo Machado – Seu primeiro disco foi gravado em 1982 pela Continental. Atualmente com 9 discos já gravados, quantas cópias foram vendidas ao longo da sua carreira ?

Márcia Ferreira – Calculo que mais de 2 milhões de cópias até quando era possível prever. Mas com a pirataria hoje se torna difícil avaliar números exatos.

Paulo Machado – Quantas homenagens e discos de ouro você recebeu pelo seu bom desempenho como cantora ?

Márcia Ferreira – Recebi um disco de ouro, do album de 1986 que tem a música CHORANDO SE FOI, a qual se tornou a lambada ea música brasileira de maior sucesso no mundo.Tenho também troféus concedidos pelas emissoras de rádio pelo sucesso dessa canção e também pela execução marcante da outra música de sucesso que também é de minha autoria: VOCÊ GANHOU DE MIM, do neu album de 1990.

Paulo Machado – Como foi a sua apresentação na cidade de Tabatinga – AM em 1985, oportunidade em que conheceu a canção Llorando Se Fue (autoria de Ulisses Hernosa e Gonzalo Hermosa), a qual no ano seguinte você a regravou e virou Chorando Se Foi ?

Márcia Ferreira – Estive lá em Tabatinga para fazer um show e como lá é fronteira do Brasil com a Colômbia, tinha público tanto de Tabatinga como de Letícia, cidade colombiana. Foi lá que conheci essa canção que a banda da cidade tocou pra galera em 1985. Mas quero lembrar que no formato original dela em espanhol não era lambada. É muito importante frizar isso para os amigos, para evitar erro de informação a respeito do ritmo brasileiro que é a Lambada.

Paulo Machado – O Brasil inteiro lhe deu o título de RAINHA DA LAMBADA, que responsabilidades isso trouxe para a sua carreira ?

Márcia Ferreira – Muita responsabilidade porque receber título de rainha de um segmento é coisa rara. Pensando bem é muita honra ser chamada pelo público de Rainha. É como você ser considerada como a maior, a melhor, a que comanda… mas tenho humildade quando vejo isso. Não me considero melhor do que ninguém. Apenas tive a oportunidade de levar algo bom para a núsica, para as pessoas que curtem a nossa cultura, a nossa música e os nossos ritmos.

Paulo Machado – Você fez shows em todos os Estados do Brasil e também no Exterior. Você se apresentou em quais cidades do Piauí ?

Márcia Ferreira – Sempre estou me apresentando em várias cidades do Brasil. Em todas as regiões praticamente. Fora do Brasil, me apresentei na França, na Bolívia e Colômbia. Na verdade o nosso continente que éo Brasil consumiu minha agenda de shows no período marcante do auge da Lambada. Não sobrava espaço para apresentações no Exterior. Afinal, fazer shows no nosso País representa algo extraordinário na vida de um artista. Fazer sucesso na sua terra, no seu País é a verdadeira glória, ainda mais se tratando de um País na dimensão territorial do nosso. No Estado do Piauí me apresentei em vários municípios, como Altos, Parnaíba, Uruçuí, Canto do Buriti, Corrente, Cristino Castro, Teresina e muitos outros municípios.

Paulo Machado – Quais músicas da sua carreira mais se destacaram ?

Márcia Ferreira – Além de Chorando Se Foi, a outra lambada que ficou muito conhecida é VOCÊ GANHOU DE MIM também de minha autoria em parceria com Geraldo Nunes e Monalisa. VOLTA PRO TEU LUGAR, de Elias Muniz e FIM DE SEMANA de Ivar Davi e Reni de Oliveira.

Paulo Machado – Você participou de vários documentários sobre a Lambada. O que ficou registrado nessas gravações ?

Márcia Ferreira – O principal foco era sempre o roubo da música pelos produtores do Grupo Kaoma, os franceses Jean Karacos e Olivier Lorsac. Mas também falávamos sobre a origem do ritmo, a beleza da dança, como surgiu, etc.

Paulo Machado – No auge da Lambada muitos dos seus amigos e colegas que também gravavam esse ritmo ficaram regionalizados no Norte e Nordeste. Eles eram lançados pelas maiores gravadoras da época e tinham tudo para terem seus trabalhos reconhecidos em todo o Brasil. Por que isso aconteceu ?

Márcia Ferreira – Acredito que suas gravadoras não se empenharam a nivel de mídia pra mostrar ao Brasil inteiro essa tendência musical.

Paulo Machado – No auge de sua carreira você foi bloqueada por poderosos meios de comunicações no Brasil. Você acredita que isso possa ter acontecido por conta do processo que movia na justiça da França contra a Banda Kaoma ?

Márcia Ferreira – Por conta do processo judicial, não. Na verdade eu acredito que o Kaoma veio com muita força a nível de investimento por conta da CBS, que era uma poderosa gravadora e acabou entrando na onda dos franceses para cobrir o mercado mundial com esse sucesso. Acredito que a CBS não sabia que se tratava de uma obra roubada quando lançou aqui no Brasil o LP com esse sucesso como carro chefe eo video clip exibido no programa FANTÁSTICO da Rede Globo. Pouco tempo antes disso, a jornalista Mônica Waldvogel da Rede Globo veio fazer uma matéria comigo para o Fantástico, falando do escândalo e do roubo. A matéria chegou a ser gravada comigo na minha casa em Brasília e nos estúdios da Rádio Nacional onde eu fazia meus programas. Mas logo fui comunicada pela própria jornalista e repórter que a minha matéria não ia mais ao ar. Passados uns 15 dias vi o clip do Kaoma no Fantástico, aí entendi tudo. Entreguei isso nas mãos de DEUS também, porque eu não tinha cacife nenhum pra encarar uma multinacional e um esquema de divulgação tão pesado daquele jeito. Mas logo com a assessoria da minha Editora EMI Songs também comecei a ser notícia em todos os jornais e revistas do País, falando do escândalo e do roubo da canção e da versão e adaptação que eu havia feito. Então também ganhei um espaço no BOM DIA BRASIL pra falar sobre o assunto polêmico.

Paulo Machado – Os produtores da Banda Kaoma, Olivier Lorsac e Jean Karacos, estiveram conversando com você no seu escritório em Brasília, há 20 anos atrás. O que eles lhe propuseram ?

Márcia Ferreira – Propuseram que eu vendesse pra eles os direitos autorais da versão. Só que isso é absolutamente ilegal, ao passo que a música já era Editada e assim a Editora é também responsável pela obra musical.

Paulo Machado – Para a audiência final do processo contra a Banda Kaoma em março de 1991, você foi levada em segredo a Paris pela Editora EMI Songs. Se temia que você pudesse sofrer um atentado na capital francesa ?

Márcia Ferreira – Me assustei quando o serviço internacional da nossa Editora aqui no Brasil me informou que eu iria em segredo. Não sei bem até hoje, pra dizer a verdade, qual o risco que eu estaria correndo. Mas então fui a Paris com meus advogados Pierre Henry e Simon Tahar. Fui ao Palácio da Justiça da França para a audiência que nos deu ganho de causa na questão. Fui reconhecida em Paris por algumas pessoas mas não pude dizer que eu era eu…

Paulo Machado – Você perdoou Olivier Lorsac e Jean Karacos por terem se apossado ilegalmente da principal música da sua carreira ?

Márcia Ferreira – Sim. Eu acredito que a justiça foi feita, me desliguei dessas pessoas e não olhei mais para trás. Meu perdão foi dado. Acredito que eles tiveram uma surpresa quando pensaram que os direitos autorais aqui no Brasil era uma bagunça.

Paulo Machado – Na época de toda a polêmica envolvendo a Banda Kaoma o apresentador Silvio Santos eo SBT lhe deram apoio de forma especial. O vínculo de amizade e gratidão por Silvio Santos eo SBT ainda permanece ?

Márcia Ferreira – Sim, e muito. Silvio Santos éo maior comunicador que este País tem. É um ícone na comunicação do Brasil e sua produção é eficiente. Na época eles me deram abertura em todos os programas da sua rede. Com isso, pude mostrar a minha gravação original também para todo o Brasil. Outro programa que recebia nossos artista era o CLUBE DO BOLINHA na Rede Bandeirantes, atual Band, no qual eu também me apresentei dezenas de vezes, convidada pela produção do saudoso apresentador.

Paulo Machado – Em 1990 você estava gravando uma participação no programa OS TRAPALHÕES, na Rede Globo. Em meio às gravações, o Renato Aragão veio aflito lhe comunicar que a sua participação naquele programa não podia acontecer. Como você se sentiu com tamanha decepção ?

Márcia Ferreira – Sim, com certeza. Pra mim seria muito importante aquela participação, já que CHORANDO SE FOI era uma explosão no mundo inteiro. Mas acho que eles deveriam ter atendido o pedido da CBS para que o Kaoma se apresentasse lá com a minha música, e assim, eu não poderia participar. Me lembro o Renato Aragão com seu rosto meio que sentido, vindo me comunicar que eu não poderia gravar e me falou que havia tido um problema técnico naquele dia.

Paulo Machado – O auge da sua carreira musical foi uma uma potência indiscutível.  Muita gente se pergunta até hoje porque você não passou pela Rede Globo, já que estava se apresentando em todas as demais grandes redes de televisão do Brasil. A única vez que você conseguiu cantar na Rede Globo foi numa apresentação no programa DOMINGÃO DO FAUSTÃO, ainda assim o apresentador Fausto Silva lhe confundiu como uma integrante da Banda Kaoma. Apesar de tudo, como você avalia essa sua única apresentação na maior rede de televisão do Brasil ?

Márcia Ferreira – Foi muito importante, é claro, apesar de ter sido confundida com o Kaoma. Muitos que assistiram viram que rolou um estresse lá na hora que o Faustão me perguntou o que eu fazia no Kaoma e que ele também foi pego de surpresa. Nas entrevistas em todas as rádios do Brasil, os meus colegas radialistas comentavam sobre isso, eu na época, não querendo criar mais polêmica, abafei o caso. Para mim era muito desgastante aquela história do roubo da música.

Paulo Machado – No programa A GRANDE FAMÍLIA da Rede Globo, o saudoso ator Rogério Cardoso protagonisou o episódio ” Vovô quer Dançar a Lambada”. Depois de todos os impendimentos por parte da família retratada no programa humorístico, finalmente Seu Flor conseguiu dançar com a atriz Ana Rosa ao som da sua música Chorando Se Foi. Você viu esse programa eo que achou disso ?
Márcia Ferreira – Assisti sim e achei o máximo aquele programa, que por sinal é um dos meus preferidos na televisão. E no final rolou a minha música, comigo mesma cantando.Isso pra mim teve mais uma vez um sabor especial, de vitória. Foi maravilhoso.

Paulo Machado – Como está sendo a sua volta à comunicação com o projeto RÁDIO ESTUDIO BRASIL ?

Márcia Ferreira – Surpreendente, ao passo que a cada dia mais e mais emissoras se cadastram para transmitir o programa LIGAÇÃO NACIONAL, que apresento juntamente  com meu amigo Edelson Moura, também radialista, cantor e compositor. Nosso programa é muito descontraído e é um diferencial no rádio brasileiro. Falamos de tudo um pouco, brincamos, brigamos, no bom sentido. Sempre uma parte bem humorada também no programa e ainda tocamos as músicas que o povo quer ouvir. A participação é muito grande e acontece por e-mails, enviados através dos sites:

www.radioestudiobrasil.com.br
www.marciaferreira.com.br

E também por cartas e pelo Orkut.

Paulo Machado – Fale sobre seu novo disco.

Márcia Ferreira
– Recentemente gravei 12 canções inéditas de autores amigos, que já estavam sob minha confiança há alguns anos. É uma produção independente e com esse pool (interesses em comum) de emissoras parceiras que estão transmitindo os meus programas, as músicas vão se tornando conhecidas em várias regiões do nosso País.

Paulo Machado – Sua amizade e parceria com o cantor José Orlando. Como éa emoção de gravar com esse cantor maranhense ?

Márcia Ferreira – José Orlando é um artista de muito talento e que também teve uma das suas canções, LAMBAREGGAE, regravada pelo Kaoma. Recentemente fui convidada para cantar com ele uma canção que se chama AGORA É TARDE em seu mais recente CD. Pra mim é uma grande alegria estar cantando com esse grande artista e amigo.

Paulo Machado – Como aconteceu o seu encontro histórico com a cantora Loalwa Braz, ex-vocalista do Kaoma ?

Márcia Ferreira – Um dia, no final de 2008, eu estava em casa à tarde e meu telefone toca. Quando atendi, a voz do outro lado me cumprimentou e disse que era Loalwa Braz, ex-vocalista do Grupo Kaoma. Pra falar a verdade, eu fiquei muito feliz, até sem acreditar que era mesmo aquela que também deu voz à minha lambada no Grupo Kaoma. Foi um papo muito agradável, onde ela dizia que tinha muita vontade de falar comigo há anos. E na conversa choramos e rimos falando da nossa história com CHORANDO SE FOI. Assim, nasceu uma parceria nossa, na música GOL DA VIDA, que foi lançada por Loalwa neste ano de 2010 na época da Copa do Mundo, mas que na verdade essa música não fala em Copa. Ela fala dos gols que precisamos fazer a cada dia, quando alcançamos uma vitória. quando passamos no vestibular, quando ganhamos uma causa, quando vencemos uma doença… quando conseguimos um emprego, isso é que é o GOL da vida !!!

Paulo Machado – Sua mensagem de Natal para seus fãs e também os leitores do PORTALESP.

Márcia Ferreira – Quero deixar uma mensagem especial a todos os leitores do PORTALESP, a todos os meus fãs, amigos e admiradores. Agradeço a todos pelo carinho, amizade e atenção. Que Jesus abençoe a todos. FELIZ NATAL e que em 2011 tenhamos muita alegria de viver, com amor ao nosso BRASIL e ao PLANETA TERRA !!!

Sobre o Colaborador:

Paulo Machado é um esperantinense que mora em São Paulo e é colaborador deste portal. E-mail: [email protected], Telefone:(11) 7427-4383

Sem comentários
  1. Anônimo diz

    o que eu mais queria era conhecer a marcinha pessoalmente
    eu a dimiro muito e curto ela demais.

  2. Anônimo diz

    ele é demais.

  3. Anônimo diz

    OI EU SOU A LINA QUERIA MUITO dE RECONTRA DI NOVO PARA BATERMOS UM PAPO ESSE EMAIL E TA MINHA SOBRINHA

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