Era uma vez…
Por Antonio Jorge Rettenmaier /COLUNA FALA SÉRIO
Não era assim que começavam todas as histórias? E normalmente continuavam com o tradicional “numa terra muito distante”. Traziam também quase sempre uma bruxa má, uma princesa e um príncipe. Podemos até não assumir, mas já era sempre o tripé do triangulo amoroso.
Mas o mais importante era que a princesa beijava o sapo que virava príncipe. Um príncipe que chegava ao cavalo branco e acordava com um beijo a linda princesa adormecida por uma maçã envenenada. E a princesa aquela que jogava sua longa cabelereira para que seu amado príncipe subisse até sua sacada. Mas e aquele herói que matou o dragão de sete cabeças para ganhar do rei o direito de casar com a linda princesa. Não seriam estas sete cabeças, sete irmãos da moça, chatos que só eles? Como vemos, sempre havia um chato para povoar nossas histórias e nossos sonhos. Mas a grande e final verdade, é que sempre povoamos nosso sono com sonhos. E sonhos com esperança. Esperança com vida. Vida com viver. Poucos somos nós que conseguimos entender que todas nossas “era uma vez…” deveriam ser contadas em capítulos.
Embora sempre quiséssemos que tudo acontecesse de uma só vez. Sem descobrir, ou às vezes faze-lo tarde demais, que sempre é bom esperar pela próxima vez. Como gulosos por doces, queremos logo nos empanturrar. Ou até como alguns, nos embriagarmos bebendo toda garrafa de felicidade. Esquecendo-nos do fastio e da ressaca. Que deixam tudo sem graça. Assim, sabendo viver cada capítulo da felicidade, vamos esquecer. Das bruxas, dos cavaleiros maus e dragões. Vamos sonhar cada momento. Viver cada sonho. Cada momento. Sem medos, sem frustrações. O mais fértil campo da imaginação nos fará sonhar. E sonhar nos fará esperar. E esperar nos fará também viver. E viver, nos fará outra vez sonhar. E sonhar, sem ter a mínima vontade de acordar. Porque cada capítulo dos sonhos será sempre, “Era uma vez…” Que sempre será a próxima vez.