Estudantes piauiense que estão na Colômbia, pedem ajuda para voltar ao Brasil
Em intercâmbio na Colômbia, quatro estudantes da Universidade Federal do Piauí estão impossibilitadas de voltarem para suas casas por conta do fechamento da fronteira com o Brasil. O país faz fronteira com o Amazonas, um dos estados em situação mais grave na pandemia de Covid-19. As piauienses se juntaram a quase 50 estudantes brasileiros que pedem repatriação pelo governo brasileiro. Informações CidadeVerde.
Hospedadas em casas de famílias, as quatro estudantes piauienses estão cursando um período da universidade em intercâmbio internacional. O período era de seis meses e a bolsa de estudos vence a menos de um mês, no dia 13 de junho.
Os estudantes brasileiros retidos na Colômbia enviaram uma carta para a embaixada no país pedindo a “organização de um voo de repatriação humanitário e/ou apoio diante das necessidades que se desenham nesse cenário, como por exemplo a de estudantes com bolsas prestes a expirar”.
O isolamento dos aeroportos estava previsto até maio, mas o prazo foi estendido até agosto. Com quase 50 milhões de habitantes, a Colômbia já registrou mais de 17 mil casos com mais de 600 mortes.
A estudante de Engenharia Florestal do campus da UFPI de Bom Jesus, Cássia Ribeiro, relata que a sensação é de impotência diante da proibição de voos entre os países pela barreira sanitária.
“De junho até o dia 1° de agosto eu não sei o que eu faço. Pior que a situação do Brasil também não está fácil. É bastante desesperador. A gente quer ir para casa. A gente veio aqui cumprir um semestre de intercâmbio. De repente tudo virou de cabeça para baixo. A gente não consegue ter uma posição concreta da Embaixada para voos de repatriação”, disse a estudante que diz não ter condição de se manter sem o auxílio da universidade.
Voos cancelados e empresas falidas
Natural de Canto do Buriti, a estudante de jornalismo Lara Matos, faz intercâmbio na Universidad Pontificia Bolivariana na cidade de Montería. De passagem comprada para o dia 10 de junho, a estudante foi surpreendida com o cancelamento do voo e o anúncio de falência da empresa aérea.
“É estranho o que sentimos, porque teoricamente era pra ser uma experiência boa estar aqui, mas se tornou uma preocupação pra minha família, pra mim por não saber o que pode acontecer. Estou há mais de 2 meses sem sair de casa, e sozinha fica mais difícil de se estimular a fazer algo além das aulas que eu estou tendo virtualmente”, contou Lara.
A Colômbia iniciou a quarentena em março, e desde então a embaixada brasileira já disponibilizou dois voos. Segundo as estudantes, as repatriações não foram suficientes para contemplar todos os brasileiros que estavam no país. “Além de que muitos, como eu, não tinham como ir a Bogotá, de onde os voos estão saindo”, contou Lara.
Isolamento mais rígido
O isolamento social em algumas regiões da Colômbia é mais rígido do que o aplicado no Brasil.
Morando com um casal de idosos na região de Tunja, nordeste da Colômbia, a piauiense Maria Vitória Torres diz que o governo controla a saída da população. Com aeroportos e rodoviárias fechadas, carros de passeio só podem cruzar cidades com autorização do governo.
“Aqui tem a regra de pico e célula, de acordo com o documento da pessoa ela pode sair para ir em banco ou supermercado. Só saio de casa para ir ao banco ou comprar comida”, disse a estudante que cursa Engenharia Elétrica.
UFPI garante apoio a estudantes
“Nós já conversamos com as universidades para manterem as condições de hospedagem enquanto eles não puderem retornar. É o mesmo que estamos fazendo com os estudantes estrangeiros que estão na UFPI. Asseguramos bolsas e alimentação enquanto não puderem retornar”, contou assessora internacional da UFPI, Beatriz Gama.
Ajuda do governo federal
Os estudantes buscam o auxílio do governo federal em um voo de repatriação do grupo de cerca de 50 intercambistas brasileiros que estão no país.
“Criamos um grupo de brasileiros que ainda estão retidos aqui e estamos tentando encontrar todos pra poder pressionar por um novo vôo de repatriação gratuito ou um apoio financeiro, já que somos estudantes, com as bolsas por terminar, seguro saúde e vários outros problemas.”, contou Lara.