Facebook lança sistema para detectar notícias falsas
“Queremos que a informação compartilhada no Facebook seja verdadeira, séria”, afirma Adam Mosseri, vice-presidente do news feed, o alimentador de notícias do serviço, que todos os usuários veem assim que entram em sua página da rede social mais grande do mundo. O Facebook anunciou que poria a partir desta sexta-feira(07/04) um filtro para detectar boatos inverídicos, notícias falsas e propaganda, de modo a alertar o usuário sobre a pouca veracidade do conteúdo visto e frear sua divulgação. No início estará disponível em 14 países, entre os quais o Brasil.
Ele considera que o impacto será grande: “Será visto por milhões de usuários”. O Facebook tem mais de 1,7 bilhão de perfis ativos no mundo. A Alemanha foi o primeiro país em que esse novo sistema foi integrado experimentalmente.
Em Menlo Park, sede da empresa, há uma obsessão para que façam exatamente o contrário do que se espera no Facebook. “Nossa natureza é compartilhar. Nesses casos pedimos que não se faça isso, que se breque a divulgação”, afirma Mosseri, por telefone.
O executivo admite que as notícias falsas são um flagelo para sua empresa, mas com atenuantes. Não acha que seja algo novo nem que toda responsabilidade seja sua. O Facebook se concentra em três eixos para desativar o conteúdo: eliminar os incentivos econômicos desse tipo de publicação, criar novos produtos que freiem esse conteúdo e ajudar a sociedade a tomar decisões com base numa informação.
Mosseri acha que o primeiro ponto é uma das chaves para que deixe de ser atraente encher a rede e os murais de informação falsa. “Percebemos que quase sempre o incentivo para frear essa página é mais econômico que ideológico. Quase sempre se repete um esquema: páginas com três ou quatro frases iniciais, que é o que se costuma ver no resumo do news feed, e o resto é publicidade. É publicidade 80% ou 90% do artigo. Quando alguém clica nele, o dono da página lucra”, explica.
Cancelar contas
Além de contar com uma equipe humana dedicada a comprovar a veracidade dos fatos, será dada especial atenção a quem compra anúncios para dar mais visibilidade a notícias falsas e vai ser acrescentada uma camada de inteligência artificial para detectar melhor a partir de padrões de comportamento. Acrescenta que não vão hesitar na hora de suspender e cancelar contas que tenham originado esse tipo de conteúdo.
No início estará ativo em 14 países, entre os quais o Brasil
Mosseri insiste em que vão fazer um esforço para identificar e reduzir esse conteúdo. “Não podemos ser juízes da verdade, mas sim trabalhar com organizações que nos ajudam a tomar melhores decisões e nos dão contexto na hora de avaliar.”
O envolvimento dos usuários na hora de denunciar a informação suspeita será uma das opções que o Facebook quer estimular, com um botão para marcar como duvidosos os posts. A rede social vai verificar, e, ainda que não a censure, os perfis que a virem a partir do momento em que se decida que não é fato certo verão um sinal de marcação e receberão uma advertência antes de compartilhá-la de novo.
“Vamos melhorar a forma como se decide aquilo que aparece no mural. Por exemplo, notamos que muitas vezes quando alguém lê um artigo não o compartilha. E vice-versa, muitas vezes o mais compartilhado não é lido. Queremos que o falso não seja divulgado sem controle, mesmo que não seja clicado”, diz, explicando as mudanças em seu algoritmo.
Por último, e na tentativa de oferecer informação de mais qualidade aos usuários, quer trabalhar de modo mais próximo com os meios de comunicação. Para isso foi criado o Facebook Journalism Project. “Temos o compromisso de fazer melhores ferramentas, serviços e produtos juntos. Para que os cidadãos tenham informação melhor. Estamos nos aproximando de especialistas, como a escola de jornalismo Walter Cronkite, do Arizona, em colaboração com o News Literacy Project, iniciativa sem fins lucrativos que ajuda a formar os perfis a averiguar melhor no Facebook”, diz. Além disso, aderiu à News Integrity Initiative, iniciativa com 25 membros que combina tanto empresas de comunicação quanto instituições ou fundações como a Mozilla. O fundo inicial tem US$ 14 milhões (cerca de R$ 45 milhões) para aprofundar a pesquisa sobre notícias, formatos e sua divulgação.
Fonte: ElPaís