A Fazenda Olho D’Água, na cidade de Esperantina(Norte do Estado), é uma relíquia, ou não, que guarda quase 300 anos da pior parte da nossa história e que está, atualmente, com sua estrutura física muito desgastada pela ação impiedosa do tempo. No local funcionavam, durante os séculos XVIII e XIX, a Casa Grande, que abrigava os donos das terras; uma Casa de Engenho, onde a cana-de-açúcar era beneficiada, além de Casa de Farinha e de uma Senzala, onde os escravos viviam ou eram acorrentados quando desrespeitavam os seus “donos”.
Com telhas datadas por volta de 1740, a fazenda é o retrato de uma região marcada pelo latifúndio e pela alta concentração de renda nas mãos de algumas famílias do Território dos Cocais, que compreende atualmente uma área de 13 municípios com aproximadamente 200 mil pessoas. O nome Olho d´Água é derivado de um pequeno curso de d´água(fonte natural) que era usado para abastecer a Casa Grande e as outras estruturas da fazenda.
No interior do casarão havia um porão onde os escravos doentes e maltratados eram escondidos quando as visitas chegavam na fazenda. Os moradores mais antigos da região ainda relatam um pouco da crueldade das famílias dos antigos proprietários do imóvel com os nossos irmãos negros, o que se torna muito forte quando você adentra o espaço. Em um determinado momento da visita eu me transportei, por alguns segundos, para uma época onde as pessoas eram vendidas como objetos e tratadas como animais. Um passado vergonhoso e que gerou uma dívida impagável de nossa gente e de nossos governantes com os representantes da raça negra nos quatro cantos do Brasil. Texto e fotos Ribamar Aragão
É uma pena que mais um patrimônio histórico esteja se perdendo pela ação do tempo e pela falta de ação do homem.Será a sina de Esperantina perder os seus valores? A falta de sensibilidade dos governantes para com as coisas que não atendem seus interesses ou que não faz parte do feijão com arroz da administração pública é notória.