Governo quer recrutamento de médicos para atender distritos indígenas
O Ministério da Saúde informou, neste domingo (22), que planeja acelerar a publicação do edital do Programa Mais Médicos com intuito de convocar profissionais, tanto formados no Brasil quanto no exterior, para atuação em território Yanomami.
“Tínhamos um edital só para brasileiros. Só em seguida que faríamos um edital para brasileiros formados no exterior e, depois, para estrangeiros. Frente à necessidade de levarmos assistência à população dos distritos indígenas, especialmente aos Yanomami, queremos fazer um edital em que todos se inscrevam de uma única vez”, explicou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes.
De acordo com o secretário, com um único edital, quando esgotarem as vagas para brasileiros, as remanescentes ficarão para os brasileiros formados no exterior. Se ainda houver vagas abertas, irão para estrangeiros que queiram participar, de modo que haja um processo mais célere. O objetivo é otimizar o trabalho e conseguir atendimento para os distritos indígenas.
O ministério esclareceu ainda que o governo federal vai garantir recursos para um edital já em andamento, em que há 77 médicos alocados na região Yanomami. O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami é um dos que mais precisa de profissionais entre os territórios, por contar com apenas 5% das vagas ocupadas. Por isso, a necessidade de um novo edital contemplando a saúde indígena.
Abandono
Equipes do Ministério da Saúde se encontram na região Yanomami, território indígena com mais de 30 mil habitantes, desde a última segunda-feira (16). O grupo encontrou crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição acentuada, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à região neste sábado (21), afirmou que a situação dos povos Yanomami, em Roraima, é desumana. Lula esteve em Boa Vista e viu de perto a crise sanitária que atinge os indígenas. A situação já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, sendo que 505 tinham menos de 1 ano. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária na terra Yanomami.
Atualmente, cerca de 700 indígenas estão sendo atendidos na casa de apoio, a maioria crianças com desnutrição grave. Umas das ações prioritárias, para o presidente, é organizar a rede logística para o transporte de suprimentos e das pessoas entre as aldeias e a cidade, como a melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às comunidades.