Hemopi identifica sangue raro pela primeira vez no Piauí
O Laboratório de Imuno-hematologia do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí – Hemopi identificou um fenótipo raro, que ainda não tinha sido catalogado aqui no Piauí. A paciente é uma mulher indígena que está internada em um hospital da rede pública em Teresina que precisou de uma transfusão sanguínea. Ao analisar a amostra da paciente, a equipe do Laboratório foi surpreendida com a presença do anticorpo raríssimo, conhecido como Anti-Dib.
Chances de doador compatível é de 1 % na população geral
Esse anticorpo é mais prevalente em países como China, Japão ou nas populações indígenas sul-americanas. A chance de encontrar um doador compatível é de 1 % na população geral. “Realizamos esforços para encontrar doadores e tivemos sucesso de encontrar na família da paciente, dois doadores compatíveis. A família reside em comunidades indígenas localizadas no interior do Estado do Maranhão’”, explica Pedro Afonso Sousa, supervisor do laboratório de Imuno-Hematologia do Paciente do Hemopi.
Ele explica que a agência transfusional de Barra do Corda, coordenada pelo Hemomar, coletou as amostras dos irmãos da paciente e os testes feitos pelo Hemopi confirmaram a compatibilidade. O irmão mais velho, por já ter 68 anos e algumas comorbidades, não pode fazer a doação. Coube então, a outra irmã, de 55 anos, realizar a coleta que salvou a vida da paciente. A doação de sangue foi feita no Hemopi, em Teresina, com apoio da Casa de Saúde do Indígena (CASAI) e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/MA).
Segundo a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT) existem, atualmente, 44 sistemas que descrevem mais de 354 antígenos diferentes e esse número não é definitivo. Entre os antígenos já conhecidos, alguns são extremamente raros, como esse encontrado na paciente internada no Piauí.
No Brasil, apenas 10 doadores são compatíveis
O antígeno Dib original é muito raro em pessoas de ascendência europeia ou africana, mas tem uma prevalência de 5% em pessoas de ascendência asiática e uma prevalência ainda maior nos povos originários da América do Norte e do Sul, chegando a 54% entre os indígenas Kainganges do Brasil. Já o Antígeno Dib, está presente na maioria da população. “O sangue da paciente é raríssimo, porque além dela não possuir o antígeno Dib, ela desenvolveu um anticorpo contra ele, o Anti-Dib. Apenas 1% da população indígena de origem sul-americana tem o sangue igual ao dela”. De acordo com Pedro Afonso Sousa, no Brasil apenas 10 doadores são compatíveis com essa paciente, sendo dois localizados na região Nordeste, sete na região sudeste e um na região sul do Brasil.
O Laboratório de Imuno-Hematologia foi criado em 2011 e possui atualmente cerca de cinco mil cadastros entre doadores e receptores.
Trabalho minucioso que ajuda a salvar pacientes
A pesquisa de doadores raros ainda é uma prática pouca realizada no País. O HEMOPI é um dos hemocentros que possui esse serviço de fenotipagem. “O nosso objetivo é encontrar essas raridades e garantir a segurança transfusional. É um trabalho minucioso que ajuda a salvar pacientes dentro e fora do Estado”, explica Pedro Afonso.
Na mesma semana em que o laboratório de Imuno-Hematologia identificou o sangue raro da paciente indígena e de seus familiares, outro doador, desta vez da cidade de Uruçuí veio fazer a doação no Hemopi para salvar a vida de um paciente hospitalizado no estado de São Paulo. “O doador tem um anticorpo raro conhecido como Anti –k (Cellano) com incidência de 0,2% na população caucasiana. O Hemopi atendeu prontamente o pedido e o doador veio de Uruçuí para fazer a doação em Teresina. E em breve, o Hemopi deve encaminhar a bolsa a Fundação Pró-Sangue para que a paciente receba a transfusão”, esclarece o supervisor.
Fonte: AsCom