Homologação de delações abre investigação contra 51 políticos. Cinco são do Piauí

Pelo menos cinco políticos piauiense fazem parte da lista que o ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, apresentou nas investigações da Operação Lava-Jato, em uma das 77 delações premiadas de executivos e ex-executivos da construtora homologadas nessa segunda-feira (30) pela presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Foram citados o senador Ciro Nogueira e a deputada federal Iracema Portela, ambos do PP, e os deputados federais HeráclitoFortes (PSB), Hugo Napoleão (DEM) e José Francisco Paes Landim (PTB).

O que revelou a delação sobre cada um dos parlamentares piauienses e o que eles comentaram sobre a delação:

• Ciro Nogueira – valores recebidos: R$ 300 mil não declarados e R$ 1,8 milhão declarados. Ciro garante que as doações recebidas pelo PP foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral;
• Iracem Portela – valores recebidos: R$ 500 mil. Iracema não se pronunciou sobre o assunto;
• Heráclito Fortes – valores recebidos: R$ 200 mil não declarados e R$ 50 mil declarados. Heráclito Fortes, via assessoria, afirmou que todas as contribuições recebidas foram legais e já aprovadas pela Justiça Eleitoral;
• Hugo Napoleão – valores recebidos: R$ 100 mil declarados e R$ 100 mil não declarados. Hugo Napoleão não comentou a delação; e
• Paes Landim – valores recebidos: R$ 100 mil não declarados e R$ 80 mil declarados. Landim disse que as doações foram declaradas à Justiça Eleitoral e que jamais trocou favores com a Odebrecht.

Sob sigilo

A homologação pela ministra Cármen Lúcia deu validade jurídica às delações, que estão sob segredo de Justiça e serão encaminhadas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A ele cabe analisar o conteúdo dos documentos e decidir quais processos serão investigados. O sigilo das investigações cai após a abertura da investigação sobre as delações.

Dependendo da autoridade citada, o conteúdo das delações serão analisadas em várias instâncias do Juiciário. Deputados federais, senadores, ministros e presidente da República são julgados pelo Supremo. Prefeitos e deputados estaduais têm foro nos Tribunais de Justiça ou nos Tribunais Regionais Federais. Já os processos envolvendo governadores são julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.

Sob suspeita

A delação da Odebrecht envolve nomes importantes, como o do presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), que teria recebido pelo menos R$ 10 milhões da construtora, segundo a delação. A assessoria de Temer repudiou as “falsas acusações” de Cláudio Melo Filho. Temer garantiu que as doações da Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral.

Também foram citados os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Calheiros teria embolsado R$ 22 milhões, repassados ao PMDB no Senado em doações declaradas e não declaradas. Renan Calheiros jura que jamais autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome em qualquer circunstância. “Essas contas já são investigadas há nove anos sem que nenhuma prova seja encontrada”, disse.

Outro delatado é Rodrigo Maia, acusado de receber R$ 600 mil. Rodrigo Maia negou qualquer negociação com a Odebrecht. Ele diz que nunca recebeu vantagem indevida em troca de favores na Câmara e que todas as doações foram legais e declaradas ao TSE.

Confira a lista de políticos deletados na Lava-Jato com respectivos partidos, apelidos e valores recebidos:

Fonte: PiauíHoje