Jovens entre 16 e 25 anos dominam tráfico no Piauí
Jovens, tanto do sexo masculino, quanto feminino entre 16 a 25 anos, de classe média baixa a classe média alta, de todas as zonas da cidade têm cada vez mais se inserido no mercado do tráfico de drogas e adotado o crime como profissão. Hoje, jovens nessa faixa etária são a maioria dos envolvidos nesse crime, no Piauí. Com oito anos à frente da 7º Vara Criminal do Piauí, que antes acumulava outras competências, mas atualmente é exclusiva para o tráfico de drogas, o juiz Almir Abib Tajra Filho traçou um perfil dos réus acusados de tráfico de drogas e destacou que apenas em 2016, pelo menos 50 deles são reincidentes no mesmo ato infracional.
Segundo o magistrado, a maioria desses presos respondem a mais de um processo e estão envolvidos nos crimes de tráfico de drogas, roubos e furto. Os motivos podem ser sociais, por descrer no sistema, por impunidade, por necessidade, por dependência de drogas. São delitos que se repetem. O juiz afirma que estes jovens já foram presos mais de uma vez e voltam para o crime, não sendo mais uma situação esporádica, como um único erro na vida, pelo contrário, passam a ser multidenunciados.
“A partir dos 18 anos já temos pessoas altamente envolvidas com o tráfico, adolescentes que eram traficantes e continuaram traficando quando atingiram a maioridade. Nós temos traficante de drogas em Teresina com 16 anos de idade, aí vão preso uma vez, a legislação de processo penal beneficia, é solto e nesse intervalo do primeiro processo já vai preso de novo, já gera um segundo processo e assim vai acumulando passagens pela polícia”, destacou.
O juiz esclarece que a reincidência penal é quando o réu já foi condenado anteriormente, reiterou o comportamento criminoso. “Reincidente é aquele que foi preso, processado, condenado e solto e é preso de novo”, acrescentou. Além das brechas na legislação, o juiz frisou que esses réus voltam a cometer o crime de tráfico de drogas devido à alta lucratividade, a isenção de impostos, não existem atravessadores, além de ser um crime que fica nas mãos da família.
“O pai é preso, fica a mulher, se ela for presa, fica o filho e assim continua, porque gera renda e o dinheiro entra fácil. O quilo da maconha é vendido com o preço triplicado. Não há imposto, nem despesa nenhuma, é comercializado em casa, na rua e em qualquer lugar, gerando maior facilidade do tráfico”, disse.
Entre as audiências de custódia realizadas pela Vara Criminal, existe uma média de a cada 16 presos, 9 serem por tráfico de drogas. Além disso, muitas vezes esses traficantes cometem outros delitos para manter o comércio das drogas, como assaltos e roubos, de modo a arrecadar fundos para a compra dos entorpecentes. “Com dinheiro da droga, eles vão conseguir mais dinheiro, porque a droga dá dinheiro e de forma rápida e fácil”, enfatizou.
O juiz Almir Abib Tjara ressalta que essas questões estão ligadas apenas ao pequeno traficante e que é preciso intensificar as ações e operações de forma a combater e prender os produtores de drogas em sua fonte, os responsáveis por transportar a droga, que infelizmente não são presos.