Lagoa do Cajueiro, em Joaquim Pires, está cheia de aguapés e precisa de socorro

Por Roberto John / Piauí Hoje

A poluição está prejudicando a Lagoa do Cajueiro, a segunda maior do Piauí, perdendo apenas para a Parnaguá. A rápida proliferação de aguapés em áreas próximas às margens reflete o acúmulo de dejetos e restos de animais mortos, tirando a beleza e tornando a água imprópria para consumo e banho.

A Lagoa do Cajueiro tem 17 quilômetros quadrados de espelho d’água. Está localizada entre os municípios de Joaquim Pires e Luzilândia.

Especialistas que estudam o fenômeno afirmam que, a cada ano, a área da lagoa tomada pelos aguapés cresce de forma exponencial por causa da carga de dejetos e material orgânico despejados na sua bacia. Numa parte da margem urbana de Joaquim Pires foi constatada que já existe 20% da água coberta por aguapés.

Prejuízos

Moradores de Joaquim Pires dizem que os aguapés estão prejudicando a pesca, um reflexo imediato da poluição, com redução da atividade pela diminuição dos cardumes de peixes, antes abundantes. Muitos pescadores já tem dificuldades para acessar a parte mais funda da Lagoa.

Além da pesca, a poluição da lagoa prejudica a atividade turística. O que antes era “parada obrigatória” no percurso entre Teresina e o litoral do Piauí, para apreciar a beleza do lugar e degustar um saboroso peixe fresco, tornou-se um local com pouco atrativo.

Saneamento

O município de Joaquim Pires foi um dos primeiros do Piauí a implantar em grande parte da cidade projeto de saneamento básico e de esgotos entre as cidades que margeiam o rio Parnaíba, que é tributário da lagoa, fornecendo água, humos fertilizantes e a povoando de peixes de várias espécies.

No entanto, grande parte da população de Joaquim Pires não fez o seu “dever de casa”, de interligar suas residências à rede de esgotos disponível, em especial a população mais pobre que se instalou nas margens da lagoa.

A não interligação dos sistemas de esgoto domiciliares com o sistema municipal disponível favorece a proliferação dos aguapés que são espécie de algas que se alimentam de material orgânico lançados no seu leito.

Outro ponto que merece a atenção dos órgãos de gestão da área ambiental é o deslocamento de parte das casas que margeavam a área mais próxima do centro urbano para um istmo que liga a cidade a uma ilha ao largo das margens. Esse deslocamento foi feito sem os cuidados sanitários necessários para aquele tipo de ocupação, com o aumento exponencial da carga de dejetos.

Outro fator crucial e que requer atenção redobrada dos gestores do meio ambiente é o fato da poluição da lagoa estar ocorrendo em larga escala, o que pode prejudicar o sistema de abastecimento d’água da cidade, atingindo e prejudicando toda a sua população.

Providências imediatas devem ser tomadas, sob pena da Lagos do Cajueiro tornar-se inviável para assegurar o abastecimento da água da cidade. Trata-se de uma situação de urgência a tomada de medidas eficazes para diminuir os impactos negativos dessa situação em Joaquim Pires, que está sendo replicada em Luzilândia, cidade abastecida pela mesma bacia hidrográfica.

É urgente providências dos órgãos de preservação ambientais da União, Estado e Municípios para conter esse processo de degradação ambiental. Trata-se de uma situação grave que merece atenção urgente da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMAR e das Secretaria de Meio Ambiente de Joaquim Pires e de Luzilândia respectivamente, bem como do Ibama e ICM-Bio.

Se as medidas de contenção da poluição da lagoa não forem tomadas, aquele importante balneário pode se tornar inviável para o turismo e, no limite desaparecer nos próximos anos.

Agentes da poluição

Se de um lado há a necessidade do pode público de salvar a lagoa, do outro é preciso a colaboracão da população e, principalmente dos dependem dela para tirar o sustento de suas família. Relatos de moradores de Joaquim Pires revelam que alguns pescadores usam grandes gaiolas para criar e atrair peixes e colocam restos de frangos ao redor, o que colabora com o aumento da poluição das águas.

A criação de peixes em cativeiros também colabora com a poluição, pois grande parte da ração orgânica utilizada é depositada no fundo do leito da lagoa, o que favorecer e alimentação de microorganismos e a ploriferação dos aguapés. “Dependendo do tipo de ração utilizada para alimentar os alevinos a situação pode se agravar, o que vai contribuir sensivelmente com o aumento desses aguapés”, explicam os biólogos.

Atividade de lazer e turismo

São inúmeras as possibilidades de atividades que podem ser implantadas para potencializar e viabilizar uma cadeia do turismo sustentável na área da Lagoa do Cajueiro nos municípios de Joaquim Pires e Luzilândia, com reflexos positivos para economia de outras cidades daquela região.

É possível e rentável garantir locais de banho seguro, disputas e campeonatos de canoagens, lanchas, jet-ski, caiaques; pesca esportiva ou artesanal, passeios. Para isso há a necessidade urgente de ação do poder público uma imediata e massiva campanha educativa sobre uso e os cuidados para com a lagoa, voltada especialmente para as crianças e a juventude, estudante na rede de ensino local, para mostrar a lagoa como um patrimônio da cidades, que interessa a todos, em especial aos moradores das cidades que a margeiam.

As autoridades locais precisam apoiar para que a comunidade se aproprie desse bem natural que é de todos e que deve ser preservado. Também é necessário a conscientização das próprios pessoas que vivem da lagoa, como os pescadores e os donos de restaurantes, pois no final das contas serão mais prejudicados caso a lagoa, sem vida animal

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