Lembranças de Dezembro

Por Guilherme Cardoso

reflexaoNos anos 50/60, praticamente não existia classe média no Brasil. Eram algumas centenas de ricos e milhões de pobres. Pobres mesmo. Sem televisão, geladeira, telefone, carro nem pensar. Esse negócio de internet e WhatsApp não passava pela cabeça de ninguém. Era ficção.

Naquele tempo, a gente conversava mesmo era diretamente uns com os outros. Ora no portão das casas, sentados no meio-fio das ruas, nas mesas dos botequins, nos jogos de buraco, cada noite na casa de um amigo vizinho.

Como a religião tinha uma força predominante no comportamento das pessoas, era comum a reza do terço nas casas de famílias pelo menos uma vez por semana. E como era difícil os pais conterem os cochichos e as risadinhas da garotada que era obrigada a acompanhar de joelhos todos os passos da oração. Como levei beliscões nesses encontros.

Quando o Natal se aproximava, era a hora de se rezar a novena entre os vizinhos, revezando-se nas casas. Aí era bem melhor para as crianças, pois era costume servir sempre um cafezinho ou algum refresco, o Q-Suco, acompanhado de bolinhos de chuva e pipocas.

Na Pompeia, os padres capuchinhos eram rigorosos com os fiéis, acompanhavam e cobravam das famílias a participação efetiva nas rezas do terço e nas novenas de Natal. Quem se enrolava e não participava, tinha que contar tudo na confissão da semana para poder comungar no domingo.

Era um tempo romântico, de muitas dificuldades e privações, porém, com muita proximidade física e solidária. Pouca tecnologia.

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