MP vai investigar suposto racismo na nova música de Alexandre Pires
O procurador da República em Uberlândia (556 km de Belo Horizonte) Frederico Pelucci instaurou procedimento administrativo para investigar denúncia de suposta discriminação racial na música “Kong” do cantor Alexandre Pires. O clipe, que tem no cenário homens fantasiados de macacos e mulheres seminuas próximo a uma piscina, tem participação do jogador de futebol Neymar, do funkeiro Mr. Catra, de David Brazil e foi dirigido por Maurício Eça.
Segundo a assessoria de comunicação do Ministério Público Federal, representantes do Movimento Negro encaminharam a denúncia no início da semana passada por meio da Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial. Os representantes entenderam que a letra, que diz “o bonde do Kong não vacila. É instinto animal de leão com pegada de gorila”, compara negros aos macacos.
De acordo com o documento, a letra da música e o clipe têm conteúdos racistas e sexistas que “compromete as lutas do movimento negro na superação do racismo e no movimento das mulheres na superação do sexismo”. Em outro trecho, o documento diz que combinando artistas e atletas, o clipe utiliza clichês contra a população negra e que “reforça estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual”.
O cantor Alexandre Pires foi ouvido pelo procurador no dia 3 de maio. Durante o depoimento, de acordo com o advogado do cantor, Neto Caixeta, Alexandre Pires negou que tenha agido de má-fé e que a letra tenha conteúdo racista. “Tanto o Alexandre quanto os outros autores da música estão tranquilos, porque a letra e o clipe são desprovidos de racismo”, afirmou.
O advogado disse ainda que os denunciantes tiveram interpretação equivocada da canção e que a denúncia não tem procedência. “O Alexandre [Pires] é defensor do Movimento Negro. A maioria dos participantes do clipe é negra. Jamais teve intenção de ofender.”
Até o momento, apenas o cantor foi ouvido pelo Ministério Público Federal e, mesmo com o procedimento instaurado, o procurador informou por meio do escrivão que os fatos estão em apuração e que, por enquanto, não deve se pronunciar sobre o caso.