Justiça cassa mandatos de prefeito, vice-prefeita e vereadores em Barras
O prefeito e a vice-prefeita da cidade de Barras, Edilson Sérvulo de Sousa e Cynara Lages, tiveram seus mandatos cassados pela justiça eleitoral na última sexta-feira (02). A decisão do juiz Jorge Cley Martins Vieira também cassou seis vereadores, todos do PSD.
Informações coletadas, por meio de extração de dados de telefones celulares e interceptações telefônicas, ambas autorizadas judicialmente, revelaram que o prefeito de Barras, conhecido como “Edilson Capote”, liderou uma organização voltada principalmente para a captação ilícita de votos. Estratégias como a promoção de grandes eventos festivos, distribuição de dinheiro, combustíveis, alimentos, remédios e material de construção em troca de votos, além do transporte ilícito de eleitores, foram utilizadas.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, o então candidato a prefeito contava com o apoio de pessoas próximas, especialmente familiares, para operacionalizar as negociações. Alguns candidatos ao cargo de vereador, apoiadores do prefeito, eleitos ou suplentes, se beneficiaram do dinheiro repassado para buscar votos em conjunto.
O promotor Silas Sereno Lopes argumentou que o processo eleitoral em Barras foi gravemente afetado pela utilização indevida de recursos não contabilizados legalmente e pelas inúmeras irregularidades cometidas por todos os envolvidos.
No julgamento conjunto das ações de investigação e impugnação, o juiz eleitoral determinou a cassação dos mandatos do prefeito Edilson Capote, da vice-prefeita Cynara Cristina Lages Veras e dos vereadores Roberto Rene Lages Veras, Jovelina Furtado Castro, Antônio Leite Neto, Irlândio Sales dos Santos e José do Nascimento Cavalcante. Os votos recebidos pelos impugnados foram declarados nulos.
Além dos políticos, também foram responsabilizados por participação no esquema de abuso de poder econômico: Edneida do Rego Fortes de Carvalho e Silva (esposa do prefeito), Raimundo Wilson Sérvulo de Sousa (irmão do prefeito e atual secretário de administração de Barras), Scharlet Horrana Rodrigues Lages (cunhada do prefeito), Ivanilda Sérvulo de Sousa (irmã do prefeito), Nielson Castro da Silva (filho da vereadora Jovelina Furtado), Raelson Castro da Silva (filho da vereadora Jovelina Furtado), João Victor Miranda Rego (neto do vereador Antônio Leite Neto), Rosana Alves Calista (cabo eleitoral da vereadora Jovelina Furtado), Kilson Servolo Carvalho (cabo eleitoral do vereador Irlândio Sales) e José Regino Melo Lages (cabo eleitoral do vereador Roberto Renê Lages Veras).
As conversas interceptadas revelaram os investigados negociando votos de diversas formas, incluindo “ajudinhas” financeiras de R$ 50,00, depósitos de valores, promessas de entrega de cimento e medicamentos, compra de passagens e outros favores.
Todos os requeridos foram declarados inelegíveis pelo período de oito anos e receberam multa no valor de R$ 53.205,00 cada um.
A decisão ainda cabe recurso.