O “presidente” Jair Bolsonaro voltou a falar suas baboseiras em território piauiense. Logo na abertura do seu discurso em Parnaíba-PI, nesta quarta-feira, 14 de agosto, ele abriu com um comentário feito a ele pelo ex-governador cassado por corrupção e agora prefeito de Parnaiba, Mão Santa, ao afirmar que veio acabar com o cocô no Piauí, ou seja, com os “corruptos e comunistas”. Editorial do Acesse Piauí.
Não é por acaso que Bolsonaro e Mão Santa se encantam um pelo outro. Mão Santa, dono de um discurso longo, enfadonho, repleto de elogios duvidosos e com tiradas e gracejos que modernizam a forma de fazer política do tempo dos coroneis. Já Bolsonaro segue na mesma linha, da “satisfação em visitar o Piauí”, do nordeste de “cabra de peste”, do populismo barato, sem qualquer base científica que arrota conhecimento vulgar, ignorante e apelativo à imaginação dos “descamisados e pés descalsos” já usados em 1989 nos discursos de Collor, o então “Caçador de Marajás”.
Mas, deixemos o circo de Mão Santa e Bolsonaro!
Será que Bolsonaro e Mão Santa realmente governam? O primeiro não está nem aí para a reforma da previdência, no entanto ela está sendo aprovada, cuja fatia maior será paga com a retirada de direitos dos trabalhadores que ganham até três salários mínimos, mulheres, pensionistas e indigentes que precisam do Benefício de Prestação Continuada. Não está nem aí para a Medida Provisória que permite trabalhar aos domingos sem direito a remuneração em dobro, no entanto a Câmara dos Deputados já aprovou. Mão Santa, quando era governador também tinha o mínimo de gerência sobre a sua administração, a ponto de conceder uma entrevista certa vez e afirmar que os desvios (corrupção) no seu governo estavam demais. Agora, em Parnaíba, a avaliação de parnaibanos mais avisados, é que o poder de mando no município, de fato, é exercido por seus filho(a)s.
A verdade é que o mesmo grupo ideológico e político que era comandado por Eduardo Cunha e Temer e que derrubou Dilma e prendeu Lula continua dando as cartas no país. O PMDB saiu de cena de protagonista principal e em seu lugar assumiu o PSL e o DEM e a mídia conservadora que dão o tom do governo, enquanto Bolsonaro distrai os desvisados falando besteiras e lorotas todo santo dia.
O enredo é o mesmo, na era Temer o discurso era:_ com a aprovação da reforma trabalhista o país voltará a crescer!. Na era Bolsonaro, agora é: _ com a aprovação da reforma da previdência, o Brasil começará a sair da crise e voltará a crescer. Aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes já projeta outra cantilena: _ quando for aprovada a reforma tributária, com a volta da CPMF, o país voltará a crescer. Balela, balela e mais balelas… Nunca se ouve esse povo falar em distribuição de renda, cidadania, direitos sociais, democracia, etc.
Bolsonaro, cada vez mais só ilude os desavisados. Fica claro em suas falas que o seu governo veio para facilitar o que puder o trabalho dos madeiros, ruralistas e dos grandes grupos privados. Para isso os trabalhadores terão cada vez mais contratos precários, com salarios baixos, regimes temporários e praticamente sem direito a se aposentar com dignidade.
Perguntas que não querem calar: Será que Bolsonaro, PSL, DEM e a mídia conservadora, algum dia falarão sobre maior taxação das grandes fortunas e dos bancos, cobrança de impostos atrasados dos grandes grupos privados, confisco de bens dos devedores da previdência, aumento da alíquota do Imposto de Renda para quem ganha acima de dez salários mínimos?
Enquanto isso nos últimos três anos os combustíveis dobraram de preço, as passagens aéres se tornaram inacessíveis a classe média e ao povo, os financiamentos dos programas sociais quando não foram cortados foram reduzidos, as universidades e institutos federais estão ameçados de funcionar por falta de recursos, o poder de compra dos salários vem caindo, a desigualdade social e miséria aumentando, o desemprego idem; enquanto os desavisados e os maus intencionados batem palmas.
Bolsonaro rir, elogia ditadores e torturadores, demite cientistas que pesquisam e constatam o aumento do desmatamento da Amazônia, mais agrotóxicos no cultivo de alimentos, ameaça servidores públicos, fala todo dia cocô; enquanto banqueiros deitam e rolam com o aumento dos seus lucros, comemoram a privatização do restante das empresas públicas estratégicas. Por sua vez, a classe média vai lavando as mãos, achando que ficará de fora do arrocho que a “Ponte para o Futuro” planejou com o “Supremo e Tudo” e que o Rodrigo Maia e o Centrão vem dando prosseguimento.
Quando o povo brasileiro vai despertar desse espetáculo grotesco que vem jogando na lama a soberania do país e aprofundando a desigualdade social?