O que temem os inocentes?
Estão causando uma grande polêmica as investigações da polícia federal nas contas da Assembléia Legislativa do Piauí. Supostamente em decorrência de saques e depósitos detectados pelo Coaf – portanto valores acima daqueles considerados normais ou identificados – certamente sacados na boca do caixa, em espécie.
Mas as versões pululam e, muitas, de todos os gostos. Dizem, por exemplo, que as investigação visam alcançar supostos pagamentos nas contas de deputados e licitações promovidas pela Assembléia Legislativa para obras e equipamentos. Como em tese o processo está sob segredo de justiça, as versões, realmente, têm tudo para superar os fatos, que por ter como personagens os deputados estaduais e, claro, funcionários do Legislativo, causam grande furor na opinião pública. Além, claro, da inquietação entre os próprios parlamentares citados e ou envolvidos no processo. Até aí tudo certo, os poderes públicos devem mesmo ser investigados, as contas devem ser transparentes e corretas.
O que chama a atenção, entretanto, é o pavor aparente dos investigados e suas preocupações, se de fato o caso é da competência da Polícia Federal ou da Civil. Mas o que importa isso se afinal, são todos inocentes? Quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancário em si não condena nem causa danos morais a quem nada fez de errado ou condenável.
E se em decorrência de algum vazamento, alguém se sentir prejudicado, deverá ter direito a defesa e ainda, poderá processar os eventuais responsáveis. Melhor fariam aqueles citados se espontaneamente declinassem de suas prerrogativas e aguardassem o resultado das investigações. Ficariam com um atestado de honestidade invejável, lavrado por quem de direito e inquestionável, uma pérola para os homens públicos, por vezes acusados injustamente.
Por Arimateia Azevedo