ÓDIO, a ideologia que une segmentos da esquerda e direita no Brasil e no mundo
Afirmar que partidos políticos no campo da esquerda ou direita são iguais, claro, isso em temos de premissas estatutárias os põem como água e vinagre. No entanto, o que temos visto nas últimas décadas é uma escalada de violência onde líderes inflamam apoiadores, seguidores e militantes a um confronto que vai além das ideias.
O ex-Presidente Jair Bolsonaro (PL) sofreu tentativa de homicídio ainda na campanha eleitoral de 2018, uma facada que deixou sequelas. Neste final de semana, seu compatriota de ideologia de direita, Donald Trump, que tenta voltar a Casa Branca, foi vítima de um tiro de raspão na orelha. Vale lembrar que ambos costumam inflamar seus apoiadores contra o sistema eleitoral e opositores, além de defender liberação de armas e estarem colocados diretamente nas tentativas de golpe nos Estados Unidos e no Brasil, após derrota para Lula e Joe Biden.
Enquanto o mundo se solidariza com vítimas de atentos, um professor em Picos faz apologia à violência ideológica. “A galera pior de mira que já vi na vida foi a galera da esquerda. Vai dar facada num cara (Bolsonaro) acerta em um lugar onde nem sangue tem. Vai dar tiro num cara, com cabeça daquele tamanho. Não acerta a cabeça (…), diz em vídeo Deivison de Moura Chagas, sugerindo que tudo seria uma espécie de armação. Em nota, a Prefeitura do município confirma o afastamento dele das funções e abertura de procedimento administrativo que pode levar à demissão. Depois da repercussão negativa, o professor fez retratação pelas suas redes sociais.
Nos casos contra Bolsonaro e Trump, os acusados são considerados “lobos solitários”, embora Adélio Bispo tenha sido filiado ao PSOL (esquerda) e Thomas Matthew era do Partido Republicano (direita), o mesmo do ex-Presidente americano, embora tenha feito doação em 2021 a grupo que apoia candidatos Democratas.
Durante o período eleitoral o então candidato Lula respondeu a processos na justiça por “discurso de ódio” por ter chamado Bolsonaro de “fascista”, “genocida”, “negacionista” e “desumano”. O americano Joe Biden já teria afirmado que era preciso “parar” Donald Trump e o acusou de criminoso e estuprador em outra oportunidade. Palavras que podem ser muito mais que simples bravatas de campanha, assim como frases e gestos de Trump e Bolsonaro contra opositores levam aguerridos seguidores a ataques verbais e atentados contra a vida.
Nos ouvidos de militantes movidos por uma ideologia ligada à violência e ao ódio palavras transformam opositores em inimigos políticos, algo que pode levar a atos impensados para “defender” seus líderes em uma guerra que nada tem de santa ou em defesa da democracia.