OPINIÃO: O Painel veio para Servir
Por Macelino Keliton
“Fraternidade: Igreja e Sociedade”. “Eu vim para servir” (Mc 10, 45).
O tema da Campanha da Fraternidade 2015 mostra muito bem como Papa Francisco veja hoje a sua Igreja depois de anos sendo considerada tradicional e retórica perante seus fiéis.
Está abalada a relação de união, de harmonia entre Igreja e Sociedade. Por isso a Campanha da Fraternidade desse ano fala disso e sobre isso.
Já o lema dessa campanha ilustra a importância de todos da Igreja para que este panorama negativo de boa relação entre os dois volte a ser positivo.
A Igreja veio para servir. Marcos veio também para este fim.
E você esperantinense, veio para servir? Está servindo? E vocês que vieram de outras cidades e que hoje mora na Terra de Nossa Senhora da Boa Esperança estão servindo?
A cidade de Esperantina foi destaque regional nas lutas sociais durante a década de 1980. Principalmente no que se refere às lutas do campo.
Menos desigualdade social, distribuição igualitária de terras para todos, mais acesso a alimentos e tantas outras bandeiras foram levantadas em todo Brasil naquela década.
Diferente de outras cidades piauienses, Esperantina se sobressaiu nesta luta devido à necessária e obrigatória interferência da Igreja Católica. Ninguém pode negar isso.
Esta Igreja também tem este fim: ajudar a sociedade em seus inúmeros problemas seja do campo ou da cidade.
Independentemente de quem estava à frente da Igreja Católica naquele tempo/espaço, nossa cidade marcou um momento importante para os homens e mulheres, de ontem e hoje, no que diz respeito aos direitos de lutar pelos seus direitos.
Para simbolizar e registrar a luta social, e também religiosa, de nossa cidade, o chefe da Igreja mandou pintar o “O Calvário de Cristo”. Marca de uma cultura de luta que passou a ser considerado um patrimônio cultural de nossa gente. Meu e seu, queira você ou não.
Podem me perguntar: por que não pintaram em outro lugar?
Jesus lutou por justiça social. Sofreu as mazelas do mundo provocadas por homens. Onde? Na Igreja.
A Igreja pode ser debaixo de uma árvore, no campo, na cidade, em qualquer lugar onde o importante é servir o próximo.
Quem ajudou a servir a sociedade esperantinense em suas lutas diárias lá na década de 1980? A Igreja.
Nada melhor do que o altar da Igreja Matriz para expor a luta social, através de uma belíssima pintura (arte) em que Igreja e Sociedade esperantinense tiveram que enfrentar para obterem dias melhores.
Outra pergunta pode surgir: por que não pintaram outras coisas invés de sofrimentos do povo?
Não é escondendo um problema que resolveremos o mesmo. Conhecendo e expondo-o talvez seja o caminho mais fácil, para todos, para encontrarmos soluções plausíveis e urgentes para diminuir a dor de quem precisa ser servindo em suas angústias, seja elas sociais ou religiosas.
O que está exposto na pintura é um ato social. De ontem, de hoje e será o de amanhã.
Altar não é lugar de sofrimento? Altar não é lugar de decisão? (Gênesis 12:7-8 / 13: 14-18).
Dessa forma procuremos decisões para diminuir este problema que nos afeta seja nas favelas da cidade com as drogas, prostituição, seja no centro com aberrações de governança que só atrasa nossa gente.
Jesus sofreu isso. Nós estamos sofrendo isso também.
Continuando as perguntas: e por que em outras Igrejas Católicas as pinturas são diferentes?
Talvez estas Igrejas não sentiram na pele a luta social e religiosa na qual a nossa sentiu. Como não tem o que retratar, neste aspecto de luta, as mesmas não tem o que expor em seus altares.
Esperantina já tem perdido muito sua cultura (arquitetônica, musical, etc.). Não podemos nos dar o luxo de perder mais uma pelo simples capricho de um irmão que até o momento não está servindo.
Parabéns, Macelino! Sua reflexão é bem atualizada e acompanha a fala do nosso papa Francisco. De fato o melhor lugar para o painel é onde ele está mesmo. A redenção de Jesus e a opção pelos pobres deve ser o centro da vida cristã! Obrigada Macelino, já vi outras reflexões suas e gostei! abraço!
Enquanto vocês políticos que se presta á fazer uma gestão de conduta insatisfatória para a população de Esperantina devia se preocupa com a educação a segurança e a falta de trabalho que ai não tem para a população, deveria busca melhoria e projetos para implantar industria na cidade pra dar empregos e não ficar gasto tempo e dinheiro pra tira o painel da Igreja vão criar vergonha e se atualizar nas obra social da cidade e ajudar a sociedade.
Caro professor Marcelino, quando da minha adolescência, época em que ia sempre à Esperantina, férias, ainda vou, vi pintando este painel, ao término do mesmo, indaguei aos pintores, o que era aquilo, me responderam: ” É a raiva do Padre Ladislau do Sr. Memória, na verdade, inutil aquela raiva, pois esquecia Padre Ladiau, se a tese for verdadeira, que Sr. Memória sempre ajudou os mais necessitados, gerava emprego, com seus empreendimentos, a muitas famílias desta cidade, assim como, meu Tio Hermes Nogueira, Sr. Elias Medeiros, e tantos outros. Um abraço.
Caro Macelino,
Somente agora estou me dirigindo a você para lhe dizer que seu artigo inspirado no painel do”CALVÁRIO DE CRISTO HOJE”, deixou-me muito feliz,por sentir a firmeza profética de um jovem.A relação entre fé e sociedade ficou bem clara.O verdadeiro cristão de fato, está sempre comprometido em servir a sociedade, para contribuir no processo de libertação.Parabéns!Abraço!
Prezado Professor Marcelino gostaria de parabeniza lo por tão bem definir essa obra; o Painel . Como autor da obra vejo com muita tristeza o pensamento atrasado, retrógrado desta pessoa que por puro capricho quer a retirada da pintura.
Como autor da obra ja esclareci que a temática da mesma não é um retrato negativo de uma cidade, mas um grito de protesto diante de tantas realidades sociais negativas que existe em todo o mundo.
é uma obra conhecida, admirada e respeitada em vários paises do mundo!
Tenho recebido a solidariedade de vários povos que ao longo dos anos tem acompanhado minha caminhada artistica.
Há muita indignação e revolta por causa dessa pretensão da retirada da pintura.
É inadimissível.
Como vamos ter uma história se não há preservação!
Depois da tristeza , vem a alegria de ver a luta de muitos esperantinenses pela preservação da obra.
E esse grito de protesto vem tambem de paises como a Itália, Alemanha, Austria, Holanda, Suissa..enfim.
Não estamos sozinhos.
Agradeço imensamente pelo seu depoimento pela preservação da cultura.
Atenciosamente:
JOÃO BATISTA BEZERRA DA CRUZ
-artista plástico
autor da obra: Calvário hoje