OPINIÃO: “Sou contrário a permanência do painel da Igreja Matriz”
Depois de tratarmos em diversas oportunidades aqui no portalesp a respeito da polêmica que envolve o painel “O Calvário de Cristo” da igreja matriz de Esperantina, o advogado Dr. Alexandre de Almeida Ramos, escreveu um especial para o portalesp que você acompanha abaixo:
Tenho acompanhado, a certa, distância as reportagens e pontos de vistas que foram veiculados nos últimos dias tratando sobre a pintura que emoldura o altar da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Esperança em Esperantina-Pi e a polêmica em torno da mesma.
Apesar de não possuir a erudição e titulações de alguns dos que já se manifestaram nos meios sociais e na mídia local, considerando-me um esperantinese por afinidade e por conta da raiz familiar que tanto prezo, alicerçado na garantia da liberdade da manifestação e do pensamento previstos em nossa Constituição Federal, venho contribuir, modestamente, com a discussão que envolve tal aquarela, emitindo meu juízo de valor.
Respeitando todas as opiniões diversas, pedindo antecipadamente o mesmo respeito ao meu ponto de vista, de início deixo bastante claro meu posicionamento absolutamente contrário à permanência de tal pintura, pedindo-vos um pouco paciência para nessas pouquíssimas linhas refletirem acerca dos argumentos que nelas repousam.
Na infância, quando ia passar as férias em Esperantina (julho e do final de novembro aos primeiros dias de março), período bem maior que o usufruído por nossos filhos na atualidade, acompanhava as orações de minha saudosa avó (D. Tunica) e, ainda que por meio transverso, terminava por ouvir parte das missas de domingo celebradas pelo padre Ladislau, a quem acredito, particularmente, a idealização do aludido painel (representa o desejo de um retratado pelo artista contratado e não o desejo dos filhos de Esperantina) bem como parte da culpa pelo afastamento dos católicos em Esperantina, quer seja por suas convicções extremistas durante os sermões (varias vezes vi o cartaz com a foto de Che Guevara ser empunhado no corredor da igreja durante as missas) quer seja por seu envolvimento político.
Sou de um tempo não tão distante em que a infância em que o Retiro era bem diferente; o sino badalava quando alguém falecia; a banda de música tocava todas as manhãs e finais de tarde nas épocas dos festejos de janeiro e setembro; não havia festas e paredões de som nas proximidades da igreja, muito menos coincidindo com o horário da missa; a Micarina nem era cogitada; o coreto não era destruído e reerguido; que os prefeitos não eram cassados; não tinha assalto à igreja; não se houviam alardes sobre paternidade na igreja mundo à fora; nem me recordava de certa reportagem veiculada no jornal Folha de São Paulo no ano de 2013 intitulada “Terras destinadas a são Francisco foram postas à venda por meio de procurações; santo tem CGC e endereço” e por ai vai…
Voltando ao tema, do ensino fundamental até o primeiro ano do ensino médio, tive o prazer de estudar em colégio de freiras onde absorvi boa parte de minha formação cristã. Procuro transmitir aos meus filhos um conceito bastante forte do que é FAMÍLIA e do que representa a Trindade Santa – PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO.
Não acredito que tenha uma única pessoa que ao adentrar na igreja matriz de Esperantina pela primeira vez não se surpreenda, positiva ou negativamente, com a “poluição” da imagem ao entorno do Cristo. Eu, repito, sentimento extremamente pessoal, me sinto verdadeiramente açoitado ao olhar para aquela pintura e, por isso tenho frequentado tão pouco a Casa de Deus qual em Esperantina estou.
Para um maior balizamento deste ponto de vista, fiz algumas pesquisas sobre a definição da palavra “altar”. A mesma tem origem latina – “altare” e seu significando em latim é “altarium”. Essa definição vem do verbo álere, cujo particípio passado é altus. O verbo álere significa alimentar, nutrir, possuindo, também, o significado de fazer crescer, desenvolver, animar, fomentar. Vamos a uma reflexão: queremos realmente que cresça, desenvolva e se fomente tudo que o que está na pintura?
O altar, símbolo do próprio Cristo, em torno do qual a Igreja está reunida na celebração da Eucaristia, é a mais fiel representação de dois aspectos de um mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor.
“No Antigo Testamento, o altar geralmente estava relacionado diretamente aos sacrifícios. A própria palavra hebraica para “altar”, mizbeah, significava exatamente isso: “lugar onde se sacrifica”. Mas pode ter também o sentido de monumento, lembrando alguma extraordinária experiência sobrenatural, uma especial e inesquecível experiência de Deus (cf. Gn 12,8; 13,8; 26,25; 33,20). Sobre o altar, e pelo altar, Deus entrava em contato com o seu povo.
O Novo Testamento usa também a palavra “altar”, seja para falar do altar normal (cf. Mt 5,23: “Se estás diante do altar para apresentar tua oferta…”), seja sobretudo para falar do próprio Cristo como o verdadeiro altar. Nós, cristãos, temos um culto, um sacrifício e um altar próprios, centrados em Cristo Jesus (cf. Hb 13,10), pois “Cristo se ofereceu uma vez para sempre” (cf. Hb 9,28) e a comunhão do novo Israel (a Igreja) com Deus é constituída agora pela união com Cristo: Ele (Cristo) é para nós ao mesmo tempo sacerdote, sacrifício e altar. No Apocalipse se fala também do altar que está diante do trono de Deus, onde se oferecem os perfumes e sacrifícios dos justos (cf. Ap 6,9; 8,3).
Para os cristãos o altar tem uma conotação sacrifical: “O altar da nova aliança é a cruz do Senhor (cf. Hb 13,10), da qual brotam os sacramentos do mistério pascal. Sobre o altar, que é o centro da igreja, se faz presente o Sacrifício da Cruz sob os sinais sacramentais” (Catecismo da Igreja Católica = CIC n.º 1182). Mas predomina o sentido de ceia eucarística: o altar “é também a mesa do Senhor, na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da Missa” (Instrução Geral sobre o Missal Romano = IGMR n.º 259).”
Outra reflexão que proponho: A retratação teológica mais apropriada não é a do Cristo crucificado? Qual o sentido exato daquela pintura? Retrato do cotidiano? Contemporaneidade? Como ela se tornou expressão de Esperantina? Nada disso!
Ouvi, certa vez, que “o altar da igreja e o altar do coração guardam juntos uma íntima relação, onde aquele é o coração do santuário e este é a realidade mais profunda da pessoa, seu santuário interior.” Mais forte ainda é a expressão “o altar da igreja e o altar do coração se complementam mutuamente, e, de um modo misterioso, compõem um só.”
Pois bem, me desculpem, mas meu coração não fica em paz com aquela pintura ao entorno de N. S. Jesus Cristo. Por favor, não entendam o que vou falar agora como arrogância ou uma tentativa “de aparecer”. Por conta de minha profissão e de algumas viagens familiares, tive a honra de conhecer várias igrejas por todo o Brasil e também no exterior. Quatro dessas “casas do senhor” muito me marcaram: a catedral de Colônia (Alemanha); a Catedral de Notre Dame (Paris), a Igreja do Menino Jesus de Praga (Praga) e o Santuário de Fátima (Portugal), e nessas duas últimas participei da Santa Missa.
Jamais encontrei, em todas as inúmeras igrejas visitadas e fotografadas, qualquer gravura ou mesmo pintura que se assemelhasse à da igreja matriz do Retiro de Boa Esperança. Por favor, como ficar com o coração em paz se ao olhar para o altar vemos morte, violência, agressão, acidente, dinheiro, roubo, prisão, fome, comércio, mendicância, maus tratos a criança, imagens de objetos ligados ao comunismo como uma foice, e etc.
Há pouco mais de dois anos, quando Benedictus PP XVI comandava a igreja católica, ousei em lhe escrever uma carta, dando-lhe conhecimento sobre a tal pintura, enviando a missiva juntamente com algumas fotografias.
Segue abaixo o teor da respectiva carta:
Teresina-Piauí/Brasil, 23 de dezembro de 2012.
A SUA SANTIDADE, PAPA BENTO XVI
Palácio Apostólico Via Del Pellegrino
Citta Del Vaticano 00120
Santíssimo Padre,
Me chamo Alexandre de Almeida Ramos, brasileiro, casado, advogado, pai de três lindos filhos, 36 anos, estudei por 14 (catorze) anos em colégio pertencente à Congregação das Freiras de Santa Catarina de Sena (Colégios das Irmãs) localizado nesta cidade de Teresina, Capital do Estado do Piauí, onde resido até os dias atuais, cuja cidade já foi honrada com a visita do Papa João Paulo II na década de 80.
Venho de família modesta, sem muitas posses, mas que sempre buscou, com trabalho e oração, superar todos às dificuldades impostas pela vida.
Há muitos anos amadureço a ideia acerca do envio ou não dessa correspondência, talvez venha a ser mal interpretado por Vossa Santidade, o ser humano mais próximo entre Cristo e os homens.
Recebi o sacramento do batismo, contraí núpcias perante um padre e tenho procurando sempre seguir os ensinamentos de Nosso Senhor, principalmente os dez mandamentos.
Bem, ultrapassada essa brevíssima apresentação, o fato que me levou a redigir essa missiva – apesar de não ter sequer a certeza de que chegará às vossas santas mãos – é a existência, no altar da Igreja Matriz (Paróquia de Nossa Senhora da Boa Esperança) de uma cidadezinha do interior do Estado do Piauí chamada Esperantina (distante 179 km da capital do Estado), de uma pintura que retrata Jesus crucificado rodeado do pecado, de uma infinidade das desgraças mundanas (agressões, acidentes, corrupção, prostituição, morte etc.) todas elas, durante os séculos pretéritos, repudiadas a ferro e fogo pela Igreja Católica. Para uma maior compreensão, envio-lhe algumas fotografias da suscitada e malfadada pintura.
Não concebo Santo Padre, data vênia, que a Igreja seja, principalmente o altar, o local adequado para esse tipo de “ilustração”, ainda mais quando se refere à retratação da imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Peço desculpas pela denominação que utilizarei, mas aquela imagem – excluindo o Cristo crucificado e a retratação das pessoas aos seus pés, a quem atribuo às figuras de Maria, Maria Madalena e Thiago – se assemelha a visão do próprio inferno, com suas tentações e pecados.
Essas indignação não é somente minha, mas de grande parte dos católicos do município, que se sentem aviltados com tamanho desrespeito à imagem de Nosso Senhor, e, por não terem a quem se socorrer ou mesmo não sabendo como agir, permanecem reféns, ou simplesmente deixam de ir à Casa do Senhor.
Segundo relatos históricos, por aproximadamente dez longos séculos, Jesus foi representado como um jovem herói que pregava e operava milagres, algumas vezes personificando o rei dos reis ou o juiz supremo, raramente aparecendo pregado à cruz, o que, para a época, seria considerado degradante para a figura principal de tanta grandiosidade e injusto em relação ao próprio cristianismo. Essa ideia só veio a mudar com a talha encomendada a um artista por Gero, arcebispo de Colônia, por volta do ano de 969, quando Jesus apareceu retratado pregado a uma cruz de madeira, com feições fortes e parecendo bastante abatido.
Mais uma vez uma pintura inova! Se isso virar modismo agora? Já não basta a infinidade de crenças que estão surgindo nos dias atuais? Será que realmente essa pintura atrai fieis? Representa o que realmente Jesus é em sua santidade? Nem mesmo a inscrição aposta na cruz esta correta JNRJ – aprendi que era INRI.
Por falar em Colônia, fiquei encantado ao visitar, no final do ano passado, a Catedral de Colônia, onde pude, na companhia de minha amada mulher, orar por alguns minutos. Os poucos momentos em que ali estivemos, e a visão daquela igreja permanecerão para sempre em nossa memória. Ficamos maravilhados, de mesma forma, com as igrejas de Nuremberg e a do Menino Jesus de Praga (República Tcheca), aonde assistimos e participamos à santa missa.
Seguramente existem inúmeras outras igrejas católicas com pinturas em seus altares; todavia, sinceramente Santo Padre, acredito que nenhuma delas chega ao absurdo da que lhe apresento. É, na melhor das intenções, incômodo e inquietante olhar o Cristo e ver todas aquelas cenas ao seu redor.
Não creio que as imagens retratadas por aquela aquarela sejam a maneira mais correta de evangelização, de buscar uma aproximação maior com a religião católica ou mesmo de deixar as pessoas num clima de serenidade para rezar na Casa do Senhor.
Atribuo, não só a fatos como este, o lamentável afastamento dos brasileiros da igreja católica, levando-os a buscar, em outras religiões/crenças/falsos profetas/seitas, um amparo ou uma identificação.
Não entendo, também, como o Vaticano permite que, em algumas igrejas, os Santos tenham um lugar de maior destaque que a própria imagem de Nosso Senhor. É correto? Parece que sim, sinal de modernidade… Até twitter Vossa Santidade possui!
Peço desculpas por me dirigir a Vossa Santidade retratando minha indignação, mas minha consciência não me deixaria tranquilo enquanto permanecesse inerte sem tentar modificar algo que considero insano e desrespeitoso a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo (as fotografias falam por si).
Por fim, continuo a crer na Trindade Santa, confiando plenamente em sua santa intercessão, rogando para que, Vossa Santidade, ao menos dessa missiva tenha ciência, já que aguardar alguma resposta seria pretender o impossível, ou melhor seria como alcançar o paraíso sem respeitar as leis celestiais.
Com toda a humildade, finalizo com a mesma lealdade e inabalável fé de Paulo de Tarso em Jesus Cristo, desejando-lhe um excelente papado, requerendo sua benção a minha família e a todos os brasileiros.
Frohe Weihnachten! Ein glückliches neues Jahr!
Alexandre de Almeida Ramos
e-mail: [email protected]
A resposta veio nos seguintes termos:
Como visto na resposta encaminhada pelo Vaticano, bastante genérica por sinal, não houve qualquer preocupação com o aludido painel, o Vaticano “não esta nem ai para ela!”; portanto, se esse painel for retirado ninguém será excomungado – considerado ruim – ou baterá às portas do inferno por conta disto no dia do juízo. Já pensei em escrever outra carta para o Papa Francisco, mas, sinceramente, não sei se compensa. Talvez, quem sabe, se outros compartilharem dessa minha indignação.
Alguns dos comentários feitos em determinados meios eletrônicos de notícias deixaram-me bastante surpreso com o conteúdo dos mesmos. Não se trata de mudança, modernização, destruição da história, retirada de lindo trabalho de um excelente artista; a questão não é essa! Isso é superficial. O que temos que analisar é a representação e o sentido de tal pintura perante o altar de cristo e a comunidade cristã.
No meio da comunicação social há uma expressão que pode ser perfeitamente aplicada nesse momento: “a propaganda é a alma do negócio!” Em um ponto não discordaremos com certeza: esse painel é a propaganda de tudo o que a igreja mais reprime e condena. Por que não pintar o que é bom? A qual reflexão nos remete ver a imagem de um senhor comercializando babaçu? Ao invés de propagar a violência, não mostrar a imagem de uma família feliz aos pés de cristo? Por que não retratar os jovens se amando? O sorriso de uma criança? A beleza da terceira idade? O aperto de mão ao invés de uma mão empunhando uma foice ou arma de fogo? Qual o sentido de retratar tanta violência? Já não se satisfazem mais com os programas policiais, com os jornais, as novelas, os filmes, agora querem que até nas igrejas vejamos violência e a degradação da família? Realmente o dia do juízo final esta próximo!
Se é para termos um painel pintado em nossa igreja, ótimo! Se a nova pintura puder sair das mãos do mesmo artista que o pintou, melhor ainda. Agora, por qual razão não termos uma pintura que retrate a família, o amor dos pais com os filhos, a fé, o casamento, a paz e a união?! Ou então que possamos mudar o painel para outro local da mesma igreja e que não seja o altar (todos ficariam satisfeitos). Não seria esse um sentido melhor para uma pesquisa junto a população ao invés de lutarmos para manter uma painel que não retrata absolutamente nada de virtuoso ou qualquer ensinamento de cristo e que retrata o ponto de vista individual?
Continuo na mesma inabalável fé, rogando para que Nosso Senhor Jesus Cristo possa iluminar os que possuem poder de decisão acerca da permanência ou não daquela malfadada pintura. “Alea jacta est!”
Refletir desta forma a experiência religiosa é no mínimo temeroso. Aceitar a opinião artística é necessário, mas elevá-lo ao lugar mais santo de um santuário é irresponsável.
A Igreja é um local onde vamos para confortar nosso coração, conversar com Deus e buscar paz e aquele painel só retrata cenas de guerra e violência. Lá não há cenas de paz ou perdão.
O painel da Igreja, era de paz, conforto, para os fiés, hoje, não tenho vontade de entrar na mesma, pois fico triste com a mudança que houve sem permissão da população, quando olho para o altar, sinto-me, deprimida. Endosso o comentário do Dr. Alexandre de Almeida Ramos.
Ao construir novas igrejas, é preferível que apenas um único altar seja feito para todo o sempre, um que com a reunião dos fiéis irá significar que o Cristo é único na Eucaristia da Igreja.
No altar ou na ‘sala do trono’, como dizia minha avó Daria, é para os fiéis contemplar, reverenciar e buscar a paz em Deus, de modo que a atenção dos fiéis não seja distraída. Como reverenciar, ter paz e contemplar um altar tão poluído e cheio de mazelas e desigualdades como o de Esperantina?
Particularmente, me sinto incomodada!
Em igrejas já existentes, no entanto, quando o altar é posicionado de tal maneira que torna a participação dos demais difícil as que não pode ser movido sem provocar danos ao valor artístico, outro altar fixo, bem feito e propriamente dedicado, deve ser construído e os ritos sagrados celebrados nele apenas.
Ao falar do painel, com certeza, nos remete ao sagrado. Entretanto, as posições e opiniões trazem um teor no minimo… com “certas” justificativas profanas que venha justificar sua retirada. Vamos então nos questionar … então somente agora que as representações nele retratadas nos remete a dor, sofrimento e incoerência com o sagrado …? Vivi em Esperantina como qualquer outro jovem até meus 17 anos como católico praticante e graças aos líderes de diversas pastorais percebi o valor de ser Igreja, ser Cristão e de ser Católico. Mas lendo e tentando lembrar de alguns que aqui vem falar de ser Igreja…não recordo de ser referência em nenhum movimento pastoral em Esperantina, mesmo que não seja mais ativo ou praticante da fé Católica. É claro, somos Igreja em qualquer lugar, somos Cristãos em unidade e fé. Mas, ao falarmos de fé devemos nos remeter e recordar que se hoje ainda estamos aqui refletindo sobre o painel, é graças aos que se doaram e deixaram dias e noites suas famílias para Ser Igreja. Dizer que certa imagem ou simbologia não leva a nenhum encontro com Deus é igualar a fé a algo simplista e ideológico. Afinal, a história do cristianismo é dado por muito sangue derramado e muitas vidas doadas. Histórias de dor, perseguição, sofrimento… o próprio Cristo dou-se a si mesmo para a nossa Salvação. No que se refere a fé Católica nos últimos anos em Esperantina…Seria coerente se três ou quatro anos atrás a “alguns fiéis”, também, tivesse questionado o administrador da Igreja local pelo abandono do templo……era só ter olhando o piso sujo; o motivo da Igreja vazia nas celebrações; nada de movimento Juvenil e poucos movimentos Pastorais articulados e organizados. Mas creio que havia uma certa angustiado… pelo severa falta de respeito do administrador paroquial com seus fieis. E não teve nenhum entendido que teve coragem para advogar pelos que ainda persistia e acreditava em dias melhores para a Igreja de ESPERANTINA.
E o painel lá estava? Sim, e creio que quem realmente se sentia e sente-se Católico não abandonou e não vai abandonar a sua Fé.
Sejamos sinceros, se o painel lhe incomoda…. se questione como verdadeiro cristão…. vá além dos desenhos, das imagens, da simbologia do Cristo Crucificado no centro. Caso não consiga, feche os olhos e lembre-se que a fé sem obras é MORTA.
Amigo Sebastião, lhe agradeço do fundo do coração por esta apologia do Calvário de Cristo. Não podia ter feito melhor. Somente um coração endurecido não vê a mensagem clara: JESUS ESTÁ NO MEIO DOS QUE SOFREM, ele não alheio a eles, ele não vira as costas. Este é o mistério da FÉ que ele é solidário com a humanidade. JESUS É FIEL ATÉ a MORTE NA CRUZ.
Todo e qualquer templo é local de paz, harmonia, acalmar a alma e eu mi sinto ofendido com aquela pintura grotesca, que além de agressiva é muito mal feita, diga se de passagem, talvez para alguns que não conheçam de arte, admirem aquilo ou dizem ser um bom trabalho para os outros iguais acharem que tal sujeito seja culto, mais para quem conhece como eu, não passa de uma pintura grosseira e política usada por um padre que na época usou um local sagrado para fazer campanha.
Ah, então ver a pintura não está deixando alguém confortável? Então me responda, como alguém se sentiria vendo em pessoa o Cristo crucificado? Aposto que confortável é a última coisa que estariam.
Não devemos nos esquecer que um grande diferencial entre nós católicos e as outras denominações cristãs é que nós temos um maior enfoque no sacrifício de Cristo, basta olhar um dos nossos maiores símbolos, o crucifixo; é claro, Jesus ressuscitou em toda a sua glória, mas não devemos nos esquecer que antes disso ele teve que morrer por nossos pecados.
Em meio à muito sofrimento.
Injustiçado, humilhado.
A figura nos representa que a dor que o povo sentia, sente e sentirá, Jesus também sentiu.
Aproxima o povo de Jesus ao comparar seus temores e aflições.
Algumas considerações sobre o texto inicial, bem construído inclusive, devo dizer:
– pode ser que a imagem não ajude a chamar fiéis, mas ela representa dignamente um dos pilares da religião, o sacrifício de Cristo. Se alguém se deixar afastar por algo como essa imagem, é porque não é fiel de verdade, logo a Igreja não precisa de mais um católico “não-praticante”. O posicionamento do Vaticano é de reforçar e reafirmar os princípios básicos da religião, e não o de flexibilizar à igreja para os novos fiéis, realizando uma espécie de filtragem; todos são bem-vindos, mas vale mais um católico fiel que 20 não-praticantes.
– a sigla JNRJ (que representa Jesus Nazareno Rei dos Judeus) foi usada ao invés de INRI para maior compreensão do público quanto ao significado do termo, já que no latim não existe a letra J. Não vejo isso como um erro, mas sim como mais uma tentativa de trazer os fatos cristãos para mais perto da realidade dos fiéis de Esperantina.
– as igrejas citadas pelo autor do texto, conhecedor de arte, devem ser realmente mais bonitas, mas não pela ausência do painel em questão, mas porque são igrejas de regiões bem mais desenvolvidas que uma cidade do interior do estado mais pobre, da região mais pobre do nosso país que não é rico. A arte do painel esperantinense não é requintada e nem tem a técnica de grandes artistas europeus, mas penso que é uma ilustração digna do povo a que foi destinado: o traço nos remete à arte tradicional do sertão, e o autor cumpriu com seu objetivo, que foi de causar no espectador compadecimento. Por todos esses motivos, vejo beleza nela.
– não cheguei à conhecer esse senhor, Padre Ladislau, mas tudo indica que era um militante. O fato é que não vejo o nome ou a figura dele em nenhum lugar do painel, logo não vejo porque continuar associando o painel ao padre que pediu que fosse pintada. Quando estou na praça devo ne lembrar do prefeito que a construiu? Quando passo lela ponte também? A foice presente no painel é um símbolo do comunismo, sim, de fato é, mas quando olho para o painel não me passa nenhuma ideia comunista. Será que na mente de alguém vem essa ideia? Enfim, o que quero dizer é que o padre e suas tendências militantes passaram, e o painel ficou, e ficou sem nenhuma menção à ele, não vejo porque continuar associando os dois.
Em suma, não vejo porque alterar ou tirar o painel do lugar e forma que apresenta. Penso que se é para falar da igreja de Esperantina, outras questões bem mais importantes podem e devem ser discutidas, algumas das quais o próprio autor citou: Carros de som próximos à missa? Absurdo!
Tristeza… No momento que escrevo estas palavras, recebo a notícia que várias imagens da igreja foram vandalizadas hoje …