Pesquisa de médico esperantinense é destaque internacional sobre a relação entre odores e cefaleias
A pesquisa de doutorado do esperantinense, Professor e Neurologista Dr. Raimundo Pereira da Silva Neto, docente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI), sobre a relação entre os odores e cefaleias, é referência nacional e internacional na área. No último dia 27 de agosto, o programa “Ockhams Razor”, da ABC News, emissora pública nacional australiana, apresentou uma entrevista sobre o tema, com ênfase na pesquisa do professor, que foi recentemente publicada em uma revista Europeia, a Cephalalgia, com o título “May headache triggered by odors be regarded as a differentiating factor between migraine and other primary headaches?”.
Desde 2001, o Prof. Dr. Silva Neto se dedica ao estudo da relação odores/dores de cabeça. Atualmente, é o médico brasileiro com o maior número de publicações científicas sobre o tema. Um de seus livros, “Odores e Cefaleia”, é o primeiro já publicado em todo o mundo que abordou, exclusivamente, a relação existente entre as dores de cabeça e os odores.
Suas pesquisas sobre odores têm se destacado nos Estados Unidos e Europa, como, por exemplo, um estudo observacional com 200 pacientes com enxaqueca e 200 com dores de cabeça do tipo tensional, em que demonstrou que as dores são desencadeadas após 25 minutos da exposição do paciente ao odor, exclusivamente em pacientes com enxaqueca (70,0%), e que as principais substâncias odorantes são perfumes (75,7%), tintas (42,1%), gasolina (28,6%) e produtos de limpeza (27,1%).
O pesquisador explica que “ao determinar os parâmetros de acurácia da intolerância ao odor (osmofobia) no diagnóstico diferencial entre enxaqueca e dor de cabeça do tipo tensional, constatei que, durante a crise, a osmofobia ocorreu em 86,0% dos pacientes com enxaqueca e em apenas 6,0% daqueles com dores de cabeça a do tipo tensional. No período entre os ataques de dor de cabeça, a osmofobia foi restrita aos pacientes com enxaqueca (24,0%)”, destaca.
Recentemente, o Prof. Dr. Silva Neto publicou um estudo experimental com 158 voluntários com dores de cabeça (72 com enxaqueca e 86 com outras dores de cabeça) e os expôs ao odor de um perfume, observando-os durante 24 horas. Constatou que a dor de cabeça foi desencadeada, exclusivamente, nos pacientes com enxaqueca (34,7%) e o tempo de desencadeamento da dor foi, em média, de 118 minutos.
Suas pesquisas têm demonstrado que os ataques de dores de cabeça desencadeados por odores podem ser considerados um fator de diferenciação entre enxaqueca e outras dores de cabeça e que esse gatilho parece muito específico da enxaqueca. Durante o Annual Scientific Meeting of the American Headache Society, em Boston (EUA), realizado em junho de 2017, os achados de sua pesquisa foram citados em uma aula que abordou os gatilhos olfativos e a enxaqueca.
O Prof. Dr. Silva Neto fundou em 2007 a primeira clínica das regiões Norte e Nordeste do Brasil para o tratamento da cefaleia. Ministrou aulas em todos os Congressos Brasileiros de Cefaleia, no período de 2001 a 2016. É membro da Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Cefaleia e International Headache Society. Atualmente é Secretário do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, no biênio 2016-2018, mas já exerceu esse mesmo cargo, no biênio 2008/2010. É um dos tradutores da International Classification of Headache Disorders, Third Edition para a língua portuguesa. É membro do corpo editorial da revista Headache Medicine, a principal revista sobre dores de cabeça na America Latina, desde 2010. É revisor de vários periódicos internacionais.
A repercussão dessa matéria foi um convite para ministrar uma aula sobre este assunto, em Los Angeles (EUA), além de uma homenagem na Universidade Federal de Pernambuco.