Por que faço meus familiares lerem o Intercept?

Por Bruna de Lara / Intercept Brasil

Não sei quantos artigos na imprensa e entrevistas com especialistas li sobre o tratamento contra covid-19 e o desenvolvimento da vacina nos últimos meses.

Nada do que li e pesquisei sinaliza que teremos uma vacina com distribuição em massa para a população brasileira em janeiro de 2021, como afirmou recentemente o general Pazuello, ministro interino da Saúde. Eles estão mentindo pra você.

Fiquei sabendo da promessa do ministro, porque parentes e amigos caíram naquele poço sem fundo de desinformação e ódio que se tornaram as redes sociais. Recebi uma das imagens que circulam no WhatsApp com a promessa do general. Há uns meses também vi muitas outras mensagens sobre a ivermectina ou a cloroquina vendendo a ilusão da cura. 

Essas pessoas que considero próximas a mim costumavam ler notícias em sites minimamente confiáveis, eram capazes de perceber mentiras e questionar as informações que recebiam. Não sei exatamente quando tudo mudou, mas das eleições de 2018 para cá, a coisa só piorou. Convivo com pessoas próximas que agora não desgrudam os olhos da tela quando o vídeo é do Alexandre Garcia e passam o dia olhando as redes de Bolsonaro em busca de “notícias” que na verdade não passam de propaganda e desinformação. 

Foi nesse contexto que tomei como responsabilidade pessoal conversar com meus familiares e amigos sobre o que é verdade e o que é delírio e mentira da direita raivosa que tomou conta do país. Sempre que posso, procuro demonstrar o que tem comprovação científica, e com isso, desqualificar absurdos que circulam por aí. 

Algumas vezes faço isso compartilhando textos do Intercept, com reportagens feitas em profundidade, muita pesquisa, abundância de dados e uma linguagem acessível. O TIB é um antídoto crítico que uso ao falar com pessoas queridas. Isso se tornou ainda mais forte nos últimos dias, quando me dei conta da proximidade das eleições deste ano.

Nós vimos esse filme recentemente. A máquina deles já está atuando. Basta que você dedique alguns minutos para olhar o esgoto bolsonarista nas redes. Mais, num momento como esse há algo bem específico que qualifica ainda mais o Intercept pra mim: este não é um site que sai repetindo as bobagens de Bolsonaro e seus asseclas entre aspas dando ainda mais amplitude ao ódio e à ignorância.

Dá nos nervos abrir os grandes portais diariamente e encontrar coisas como “Sou prova viva que cloroquina deu certo” ou “Mourão diz que alta do arroz é consequência do auxílio emergencial”. A gente chama isso de jornalismo declaratório, essa reprodução sem qualificação de coisas absurdas e não comprovadas. É quando o jornalismo se torna uma máquina nojenta de propaganda oficial.

O que o Intercept oferece é crucial, porque estamos a 60 dias de uma eleição que é o pré-jogo de 2022: perspectiva crítica, pautada nos direitos humanos e que não tem medo de colocar o dedo na ferida. Eu noto como esses textos provocam as pessoas, desafiam mesmo. 

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