Presidente nacional do PSB diz que apoio a Aécio “trai a história do partido”
Revelando o racha interno no PSB depois que a Executiva Nacional do partido decidiu, por maioria dos votos, apoiar o tucano Aécio Neves do (PSDB), o presidente do partido, Roberto Amaral, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, nesta sexta-feira (10), que um setor pernambucano age como se a legenda fosse espólio do ex-governador Eduardo Campos e classificou a postura como “coronelismo, enxada e voto”.
Amaral, que defendia a independência do partido no segundo turno da campanha, disse que o PSB, ao apoiar Aécio, estava “traindo a história do partido”. Ele completa: “Em outras palavras, quando o Partido Socialista Brasileiro teve a oportunidade de avançar, de se preparar para construir uma proposta de socialismo para o século 21, ele optou pelo patriarcalismo, ou, se quisermos, pelo coronelismo”.
Segundo Amaral, essas lideranças articulam internamente para lançar um candidato à Presidência da legenda na eleição marcada para segunda-feira (13).
“Mesmo quando o engenho vai à falência e o filho do dono do senhor do engenho vai morar em Boa Viagem [principal avenida do Recife], ele continua ideologicamente senhor de engenho. Isso tem consequências em tudo. No seu relacionamento com as pessoas, com as coisas, com as instituições. Ele fica preso ao engenho que já se acabou. Volta às formas tradicionais de dominação, que determinam as formas tradicionais de fazer política. Isso está sendo levado à eleição do PSB. Esse é o perigo que eu aponto. Poderá marcar profundamente o partido”, disse Amaral.
O presidente do PSB atribui esse ataque à sua posição contrária ao apoio a Aécio Neves. “De uns 15 dias para cá, começaram a aparecer notinhas nos jornais que tentam me reduzir a um agente da presidente Dilma Rousseff e a agente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa tentativa busca a minha desqualificação ética e ideológica, como se a disputa pela Presidência do partido fosse uma disputa de pessoas, quando se trata de uma disputa entre uma visão de esquerda contra uma visão conservadora. Represento os companheiros de partido querem conservar o PSB na esquerda”, pontuou Amaral.