Quando o futebol era esporte
Por Guilherme Cardoso
Eu sou torcedor da Velha Guarda. Dos tempos em que futebol era esporte e arte, época em que os jogadores atuavam com amor e paixão, o dinheiro não era o senhor dos estádios, havia respeito à camisa do clube e ao torcedor que os aplaudiam e criticavam.
Até os anos 60, jogador de um time de prestígio, Atlético e Cruzeiro por exemplo, não atuavam no clube adversário. Quando algum deles saia do Galo, não jogava de jeito nenhum no Cruzeiro, e do mesmo jeito acontecia com a Raposa. Havia uma rixa natural e respeitosa entre os torcedores e os atletas. E isso fazia bem ao esporte.
De uns anos para cá, futebol se transformou em uma Bolsa Mercantil, jogadores fingem amor ao clube, dão entrevistas de amor eterno, beijam o escudo com ardor, e ao primeiro sinal de um bom negócio financeiro, largam tudo para trás e mudam de clube e de paixão. Seja para jogar na China ou no maior rival da cidade.
Jogadores do Galo, como Dario Peito de Aço, Reinaldo e Marques têm lugar cativo na galeria de craques do time, pela qualidade e por nunca terem vestido a camisa do time adversário. O mesmo não se pode dizer com Toninho Cerezo e Guilherme, que perderam status de ídolos por terem atuado pelo Cruzeiro.
Embora eu saiba que hoje não mais existe o amor e a fidelidade do jogador ao clube, tenho admiração pelo caráter do argentino Montillo, que em entrevista recente disse que jamais jogaria no Clube Atlético Mineiro, por respeito aos torcedores cruzeirenses. Mesmo que o dinheiro seja muito.
Pena que o Fred, vindo do Fluminense, até outro dia ídolo do Cruzeiro esteja seguindo o caminho da infidelidade. Podia ir para qualquer grande time do Brasil ou do exterior, tem futebol para isso, e, não se sabe por quais razões, resolve vir jogar exatamente no Atlético Mineiro, maior adversário do clube celeste.
Bom reforço para nós atleticanos.
Tapa na cara do torcedor cruzeirense apaixonado.
Mau para a ética futebolística.