Recordista do Enem: “Eu nem estudava aos fins de semana”
Muita gente que viu o piauiense Vitor Melo Rebelo, 18 anos, conseguir o feito de atingir a maior nota da história do Enem deduziu: “esse rapaz deve ser um desses nerds, CDF, que só vive para estudar”.
Aluno do Instituto Dom Barreto, que sempre figura entre as melhores escolas do País em rankings como o do próprio Exame Nacional de Ensino Médio, a afirmação acima ganha ainda mais força. Afinal, quem nunca ouviu dizer que no IDB “se matam de tanto estudar”?
Não é bem assim. Vitor é um adolescente como qualquer outro, com atividades e gostos comuns de qualquer outro estudante –seja lá de qual for a escola– de sua idade. O que o diferencia talvez seja a disciplina. A maneira como se dedica a estudar e conseguir seu grande objetivo.
ESTUDAR X LAZER
Para chegar à marca de 1.008,3 pontos –o recorde anterior era de 973,6 pontos, de 2014–, Vitor seguiu uma rotina que não misturava horas de estudo com momentos de lazer. “Durante o ano de 2015 eu tive duas rotinas. Uma como ouvinte (já aprovado) no Dom Barreto, acordava, estudava, almoçava, ia para escola, tinha um pouco de lazer e ia dormir”.
SALA DE ESTUDO
A outra, segundo ele, foi fazer o uso de uma sala de estudo. Para quem ainda não conhece, em Teresina existem salas específicas onde aluga-se por horas apenas para ficar concentrado. “Nesta rotina, numa sala de estudo, acordava, estudava, almoçava, estudava de novo, tinha lazer e ia dormir. Dediquei das 7h as 11h, intervalo, e de 14h às 18h, para estudar. Cerca de 9 horas, intercalando com descansos”.
TEM NAMORADA E SAI COM AMIGOS
Vitor conta que tem uma namorada, que já faz o curso de Medicina, na UFPI, e que adora sair para festas com alguns amigos, seja na casa de um deles ou para uma balada qualquer. “Eu gosto de sair normalmente uma a duas vezes por semana. Vou para casa de um amigo, coisas do tipo”. Fã de pôquer, ele não tem muita paixão por esportes.
COMPUTADOR, CELULAR, FAMÍLIA…
Whatsapp, Facebook no celular, games no computador… isso tudo também faz parte da rotina de Vitor. Filho do promotor Luiz Gonzaga Rebelo Filho e da dona de casa Andreia Melo Rebelo, natural de Parnaíba, mora no bairro Joquei com os pais e tem dois irmãos. Demonstra ser daqueles “muito família”, e não deixa de lado seus sonhos e metas. Ele concluiu o ensino médio em 2014 no IDB e passou a tentar uma vaga no ITA. Não conseguiu, mas passou em outros 12 vestibulares, inclusive na UnB, Unicamp e USP.
SONHO DE FAZER MEDICINA NA UFPI
“Mudei de ideia (sobre fazer o ITA e os outros vestibulares que passou) e resolvi ficar em Teresina para tentar fazer medicina na UFPI, que é o que eu mais quero”, explicou. Para fechar a prova e tirar a nota máxima Vitor focou nas “provas passadas”. “Eu refiz todas as provas do Enem e nem estudei mais tanto conteúdo. No Enem passado eu havia conseguido 760 e poucos pontos. Desta vez foi diferente”. A nota final de Vitor é de 848,7. O que ele espera ser suficiente para ingressar em Medicina na UFPI pelo Sisu.
COMO FEZ PARA TIRAR NOTA MAIOR QUE MIL
Vitor acertou 45 questões e bateu o recorde em pontuação. O motivo de ele ter tirado a pontuação maior que mil, um total de 1.008,3 em Matemática deve-se à metodologia utilizada pelo Enem que chama-se TRI (Teoria de Resposta ao Item), que leva em conta não apenas o número de acertos do candidato, mas o nível de dificuldade de cada item. Outros estudantes, como o paulista Mathias Dunker, também alcançaram a nota máxima. “Eu também não sabia que era possível obter nota maior que mil. Entretanto, quem sou eu para questionar o sistema adotado pelo Governo Federal?”.
Fonte: OOLHO