REFLEXÃO: Em busca do ouro!
Todos nós saímos de uma largada em nossas vidas. E logo sabemos que no fim do percurso estará a chegada. Nada mais óbvio dirão vocês. Mas já irão entender.
Nesta largada apura-se a visão buscando o prêmio, a medalha conquistada. A meta sempre será a de ouro. Para alcançá-la, somos capazes de revolver pedras de estreitos caminhos. Ignorar as ervas daninhas e castigar a relva macia. Ficamos surdos ao canto dos pássaros. Procuramos as pedras maiores para atravessar o riacho sem nos preocuparmos em interromper seu cochilo preguiçoso.
Nosso olhar não encontra as flores dos campos e nem o colorido das árvores. Só importa, chegarmos. E ao chegarmos ao cume da montanha, não temos olhos para a paisagem que se mistura no horizonte. Para que? Mas, onde o prêmio? No cume, nada além. De uma pedra cinza abraçada por uma margarida dourada. Ao lado, um seixo vermelho. No pódio, só.
Os outros foram deixados pelo percurso. Pela intransigência e extrema exigência. Agora, acreditem. Eu já conquistei a minha medalha. Não é de prata. Nem de ouro. Tão pouco de bronze. E nem de lata. Conquistada pelo percurso feito, por que ainda não cheguei ao seu fim. Meu caminho ficou bem marcado, para o caso de precisar voltar. E me reencontrar. Ela é de alumínio. E muito bem niquelada. Especial.
Para brilhar sempre que me faltar a luz da razão, do bom senso, da vida. E por ser de alumínio, não tem muito valor. Por isto não irão me tomá-la. Serei único em sua posse. Onde? Aqui! Quando? Agora, já!