REFLEXÃO: Os dois pedidos
Por Márcio Kühne
O MENINO ainda não tinha dez anos. Seus cabelos claros cobriam-lhe a testa displicentemente. Seus olhos tinham uma expressão de curiosidade. Aproximou-se da mãe e disse: “Mãe, o que você quer que eu seja quando crescer?” A mãe deixou os afazeres de lado e olhou demoradamente o pequeno. “Por que a pergunta, meu bem?” – respondeu.
“Ah, mãe!”, disse suspirando, “hoje, na escola, meu amigo me disse que ele vai ser médico porque seu avô é médico e seu pai também. Então, fiquei pensando nisso. O que você e o pai querem que eu seja?” O rostinho do menino tinha um traço de apreensão.
“Meu querido, disse ela abraçando o garoto, “eu tenho apenas dois pedidos para lhe fazer. Quero que você seja correto e que seja feliz.” Beijou suavemente a testa do filho que, insatisfeito com a resposta, afastou-se para poder olhar a mãe diretamente.
“Não, mãe! Qual profissão você quer que eu tenha quando crescer?” – voltou à tona achando que não havia sido compreendido. “A escolha da sua profissão, meu filho, cabe apenas a você. Isso não me compete, tampouco me causa maiores preocupações. O que eu quero de você é outra coisa. Ou melhor, como eu lhe disse, tenho apenas dois pedidos a lhe fazer. Vou repeti-los e explicá-los. Quero que você seja correto. Isso significa que espero que você escolha o caminho do bem sempre, mesmo que ele seja mais longo ou mais difícil. Que pense nas consequências dos seus atos, para você e também para os outros. Que não tema a verdade, nem a justiça. Ao contrário, que as busque sempre com serenidade e persistência. O segundo pedido, que é tão importante quanto o primeiro, é que você seja feliz. Isso quer dizer que espero que, apesar das dificuldades da vida, você tenha sempre confiança em Deus. Que acredite na justiça divina e que jamais se entregue ao sofrimento. Que você tenha o coração cheio de amor e de coragem para seguir em frente, sempre.”
A mãe acariciou o menino, afagando-lhe os cabelos com doçura e concluiu: “para mim, meu filho, o que interessa é como você vai ser e não o título que vai carregar.”