ROQUE NETO: Invejoso… Eu?

Ontem perguntei aos que me seguem em minha página do Facebook o que ou quem eles invejavam. Ao contrário do habitual, poucos se animaram a responder a minha pergunta. Talvez porque fosse uma sexta-feira, talvez porque o tema não interessasse ou simplesmente porque admitir que se inveja outros afete nossa auto estima.

 

De acordo com pesquisadores holandeses de nomes complicados (Niels van de Ven, Marcel Zeelenberg e Rik Pieters) existem dois tipos de inveja: a inveja maligna e a inveja benigna. Quando sentimos inveja maligna acreditamos que o sucesso da pessoa que invejamos não é merecido, seja pela falta de talento ou de esforço ou qualquer outro motivo. É este tipo de inveja que motiva comportamentos destrutivos, pois enquanto pensamos que tal pessoa não merece o sucesso que tem, também achamos que deveríamos estar no lugar dela, em vez de encontrar nosso próprio lugar ao sol.

 

Já a inveja benigna, quando acreditamos no merecimento do sucesso de alguém, tende a nos motivar a também buscar nossos ideais. Quando sentimos inveja tendemos a nos comparar com outra pessoa, no caso da inveja benigna esta comparação nos dá força para descobrir a originalidade e o talento dentro de nós mesmos.

 

Neste exato momento, escuto uma voz parecida com a voz de minha avó ou de minha mãe, ou de alguma professora que tive na infância fazendo a seguinte pergunta: “Então você está incentivando seus leitores a invejarem outros?”


Como uma criança que sabe estar fazendo algo contrário ao que foi ensinado pelos pais, neste instante me vejo colocando as mãos no bolso, baixando a cabeça envergonhado e pondo toda minha atenção na ponta de meus tênis, enquanto respondo: “Sim, mas tem uma condição…”

 

“E qual seria esta condição, Roque Neto?” – Aquela voz feminina inquisidora me testa.

 

Para que a inveja benigna seja efetiva, é necessário que o objeto de inveja não seja inalcançável. Para a pessoa que canta apenas no banheiro, há pouca serventia em invejar o sucesso de Lady Gaga ou Britney Spears. Quando admiramos algo ou alguém tão distante de nossa realidade, a impossibilidade de alcançar o mesmo sucesso acaba diminuindo a motivação que poderíamos sentir. Desmotivados, é pouco provável que nos dediquemos ao trabalho pesado e liberemos energia criadora. Neste caso, talvez seja melhor focar a inveja em alguma cantora local.

 

No fundo, estamos falando de comparações. Quando observamos alguém mais rico, mais inteligente, mais emocionalmente maduro, vários sentimentos são despertados em nós. E como em todas as outras emoções, assumir a inveja que se sente é sempre a melhor alternativa.

 

Este artigo já poderia ter sido concluído no parágrafo anterior… Mas… Sim, mas… Acaba de me ocorrer que alguns de vocês talvez estejam pensando que aquilo que até agora chamei de inveja benigna não passe da velha e conhecida admiração. Segundo os pesquisadores holandeses que mencionei no início, admiração é algo diferente. Para eles, admirar é um modo de anular a inveja, reconhecendo o sucesso do outro e ao mesmo tempo nos considerando incapazes de tal performance. Damos crédito ao outro e admitimos a incapacidade de realizarmos tal feito. O problema com a admiração é que ela, assim como a inveja maligna, não serve como força motivadora para alcançarmos nossos sonhos…

 

Inveje… E descubra dentro de si a motivação para o trabalho pesado. Inveje… E tenha coragem de abraçar o sucesso que está por vir. Inveje… E esteja preparado para as conseqüências de ser o que você sempre sonhou ser.

Sem comentários
  1. Anônimo diz

    A inveja é uma velha conhecida da humanidade,mas infelizmente pouco desvendada. A inveja ao longo do tempo tem feito verdadeiros estragos na existência humana, gregos e troianos já provaram de alguma forma desse mal silencioso.

    Tema temido mas essencial ser debatido!

    Parabéns Roque, o desafio continua, e você do que tem inveja? Qual o tipo: Maligna ou Benigna ?

    É só pra apimentar a discussão…

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