Vice-governador ‘joga’ nas mãos do governador o destino da base aliada no Piauí
O vice-governador Antonio José de Moraes Souza, o “Zé Filho” (PMDB), parece ter aprendido rápido as manhas e artimanhas da política. Apenas uma semana depois de uma reaproximação estratégica com Wilson Martins (PSB), ele joga nas mãos do governador o destino dele e do PMDB nas eleições do ano que vem. E, ao fazer isso, força o governador a dar uma resposta a ele e ao partido – seja ela qual for.
Não se sabe o que os dois conversaram nas andanças juntos em Parnaíba e Pedro II, na semana passada, mas, na quinta-feira pela manhã, em meio à prestigiada inauguração da primeira parte da ampliação do Teresina Shopping, Zé Filho disse ao Diário do Povo que Wilson Martins (PSB) será o comandante do processo sucessório na base aliada para 2014. “O processo será conduzido pelo governador. O que ele decidir a gente segue”, afirmou.
Com a declaração, Zé Filho repete a tática adotada pelo mesmo Wilson Martins, há quatro anos, quando havia na base aliada (como também há agora) uma dúvida sobre quem seria o candidato apoiado pelo então governador Wellington Dias (PT). Naquela época, se apresentavam como pré-candidatos a governador o senador João Vicente Claudino, o então secretário da Fazenda, Antonio Neto (PT), e o próprio Wilson, então vice-governador.
JVC despontava como provável candidato da base aliada. Wilson Martins ainda vivia a angústia da dúvida sobre se Wellington sairia, ou não, para ser candidato ao Senado – igual angústia vive Zé Filho agora. Aos 45 minutos do segundo tempo, aliás, na prorrogação já, Wellington decidiu deixar o governo abrindo caminho para Wilson assumir. Pronto. Todos os sonhos de JVC ser candidato foram por terra.
Wilson assumiu, saiu de uma posição modesta nas pesquisas, levou a eleição para o segundo turno contra o antes favorito Sílvio Mendes (PSDB), e o resto da história o leitor conhece bem. O cenário de hoje é parecido com o de 2009/2010. A jogada de Zé Filho é uma demonstração de confiança em Wilson Martins, uma mostra de que ele acredita que o governador, como bom magistrado, tomará a decisão mais acertada para o momento político. Mas…, e se não der certo?
por Zózimo Tavares