Xadrez político e “Janela Partidária”: Quem ganha e quem perde nas eleições de 2020 em Esperantina
* Por Francisco Mesquita de Oliveira, Professor na UFPI, doutor em sociologia.
Fechada a “janela partidária”, isto é, passado o prazo da 04 de abril como limite para vereadores e prefeitos trocarem de partidos sem a punição de perca do seu mandato, estruturam-se os grupos políticos que disputam as eleições municipais de 2020. Em Esperantina se formaram quatro grupos que, na luta pela prefeitura, movimentam o xadrez político local. Os movimentos mais significativos e recentes no xadrez foram a formação dos grupos de partidos e as mudanças na câmara de vereadores. Iniciamos esta análise com os movimentos no xadrez político da câmara.
Como ficou a nova composição da câmara de vereadores após ser fechada a “janela partidária”? No geral, houve ganhos e perdas dos partidos com bancada de vereador na casa. O MDB, que elegeu 4 vereadores em 2016, recebeu 1 do PSB e totalizou sua bancada com 5. O PSB ficou sem vereador. O PTB elegeu 2 vereadores, recebeu 1 do PTC e totalizou uma bancada de 3. O PTC, por vez, zerou sua representação na câmara. O Republicano (antigo PRB) elegeu 1, recebeu mais 1 do PRTB e totalizou uma bancada de 2 vereadores. O PRTB também ficou sem vereador na casa. O PT elegeu 2 vereadores, perdeu 1 para o PC do B. O DEM, não elegeu vereador em 2016, mas recebeu 1 do PSDC. Os partidos que, com a “janela partidária”, zeraram sua representação na câmara foram PSB, PTC, PRTB e PSDC. Os partidos que ganharam com esse movimento foram: MDB 1, PTB 1, DEM 1 e PC do B 1 vereador. Assim, a câmara de vereadores de Esperantina configura uma nova composição de bancada: MDB 5, PTB 3, REPUBLICANO 2, PT 1, DEM 1 e PC do B 1 vereador. Em termos dos agrupamentos partidários, com vistas às eleições deste ano, os vereadores se articulam em três grupos políticos, aqui nomeados de grupo do “morro” (MDB, PTB, PSB) 8 vereadores; grupo do “sorvete” (REPUBLICANO e PC do B) 3 vereadores; e grupo da gestão (PT e DEM) com 2 vereadores. Esse último grupo considera a filiação do vereador Leônidas no DEM e sua articulação com a gestão antes mesmo de sua filiação.
Com essa nova composição da câmara de vereadores, estruturaram-se no xadrez político de Esperantina quatro grupos que tendem a disputar as eleições de 2020, além dos três acima referidos, acrescenta-se o grupo político da “palestina” (PSDB e PSL [provavelmente]). Este grupo, no entanto, não tinha representação na câmara de vereadores e continuou sem vereador na casa, não se beneficiou da “janela partidária”.
Olhando pelo prisma do fortalecimento e do enfraquecimento dos grupos políticos com a mudança de partidos pelos vereadores e em função das eleições de 2020, o grupo político do “morro” foi quem mais se fortaleceu, tinha 4 e agora tem uma bancada de 8 vereadores na câmara (MDB e PTB); o grupo político do “sorvete” também saiu desse processo fortalecido, tinha 1 vereador (considerando o PRB que se transformou em Republicano) e agora tem 3 (Republicanos e PC do B) e; o grupo político da gestão foi quem mais se enfraqueceu. No início da gestão (2017) a prefeita contava com 7 vereadores na sua base de apoio (PT 2, PSB 1, PTB 2, PRB1 e PSDC 1), concluído o processo de fechamento da “janela partidária” ela ficou com 2 (PT 1 e DEM 1). Certamente será necessário à gestão articular nova base de apoio na câmara, buscando ajuda do grupo do “sorvete”, e mesmo assim ainda não terá maioria na casa. Será indispensável jogo político e negociação para aprovar projetos do executivo no restante do mandato.
Analisando o xadrez político em função das eleições de 2020 (independente dos métodos de arregimentação partidária: cooptação, negociação política e aderência ideológica), a partir da nova composição da câmara de vereadores e da articulação partidária que configurou quatro grupos políticos, parece que o grupo do “morro” apresentou desempenho expressivo, articulou três partidos políticos de expressão em Esperantina, inclusive dois dos quais ajudaram a eleger a prefeita em 2016 (PSB e PTB) e construiu maioria na câmara de vereadores.
O grupo político do “sorvete” também apresentou desempenho relevante, considerando, inclusive, que não existia antes, conseguiu articular dois partidos, com pouca tradição em Esperantina, mas com lideranças que tem forte penetração nas comunidades e em parte da população. O grupo conseguiu também a segunda maior força política na câmara de vereadores e a presidência da casa.
O grupo da gestão, por vezes, teve dificuldades em manter sua base política e perdeu parte dela para os dois grupos acima analisados, conseguiu manter na sua articulação somente um partido, o DEM, antigo PFL. O desempenho da gestão na articulação política se assemelha ao do grupo da “palestina”, que ficou isolado, só com o PSDB, obrigado flertar com o PSL para não ter uma chapa pura, prefeito e vice do mesmo partido.
Então, com esses movimentos no xadrez político, o grupo do “morro” teria grande chance de eleger sua pré-candidata a prefeita? Sim, e não. Sim, se esses quatro grupos políticos se manterem na disputa até as eleições, aí certamente o grupo do “morro”, pelas forças partidárias e vereadores que juntou em torno da sua pré-candidata, poderá vencer as eleições. E Não, aquele grupo provavelmente não ganhará as eleições se os grupos políticos “sorvete” e gestão se juntarem e potencializar uma força política, aí esse grupo teria chance de vencer as eleições. Nesse cenário teria três grupos na disputa pela prefeitura: o “morro”, “palestina” e “sorvete” e gestão juntos. O grupo “palestina” não tem apresentado condições objetivas para vencer as eleições.
Uma análise mais precisa será possível após as convenções partidárias, quando os grupos políticos consolidam as articulações. Até lá, continua aberta a resposta para a pergunta: quem ganha a prefeitura de Esperantina? O xadrez político, certamente, ainda será movimentado por várias vezes, inclusive com “jogadores” coadjuvantes.
* Por Francisco Mesquita de Oliveira é Professor na UFPI, doutor em sociologia.